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Cãibras musculares

Quase todos já experienciámos, em algum momento da nossa vida, a desagradável sensação de uma cãibra muscular. Esta define-se como uma contração muscular súbita, localizada, involuntária e dolorosa, passível de ocorrer em qualquer músculo corporal, e na qual é visível e palpável a contração de parte ou da totalidade dos músculos afetados. Habitualmente, resolve após alguns segundos ou minutos, mas, nos casos mais severos, a dor pode persistir por horas.

As cãibras decorrem de vários fatores como o exercício físico, a gravidez, medicamentos ou, raramente, algumas doenças. Muitas vezes, porém, não existe um fator desencadeante evidente, designando-se como “cãibras idiopáticas”. Estas podem ocorrer durante o sono, são mais prevalentes na população com idade mais avançada e afetam, preferencialmente, os músculos das pernas.

As cãibras musculares associadas ao exercício constituem um dos subtipos mais comuns. Podem surgir durante ou após a prática desportiva e afetar qualquer atleta ou indivíduo fisicamente ativo, atingindo os grupos musculares mais recrutados durante o exercício (por exemplo, a musculatura dos membros inferiores durante uma corrida). As primeiras referências científicas à cãibra relacionada com o esforço físico surgiram há mais de cem anos, detetadas em mineiros obrigados a trabalhar em condições extremas de calor e humidade. Estes achados sugeriram o aumento da temperatura e a transpiração como fatores predisponentes para a sua ocorrência. Mais recentemente, foi proposto que a própria fadiga muscular causa um conjunto de alterações que propicia o desenvolvimento da cãibra.

As estratégias habitualmente utilizadas para prevenir a cãibra muscular nem sempre se revelam eficazes. Acredita-se, contudo, que a manutenção de uma boa hidratação e de um aporte adequado de minerais através de uma alimentação equilibrada seja essencial. Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, a utilização de suplementos ricos em potássio, cálcio e magnésio não está indicada na maioria dos casos.

Com efeito, estes minerais são normalmente repostos através da dieta e a ingestão acima do valor recomendado pode inclusive levar a toxicidade. Adicionalmente, o alongamento regular dos músculos mais afetados (incluindo antes de dormir), uma progressão gradual quando se pretende aumentar a intensidade do treino, bem como uma adequação do equipamento utilizado na atividade desportiva (como um calçado apropriado, por exemplo) podem minimizar o seu aparecimento.

No que respeita ao tratamento durante a cãibra muscular, está recomendado a realização de massagem suave e alongamento do músculo doloroso. A aplicação de calor na região, através de uma toalha ou de um banho quente, pode ajudar a relaxar a musculatura.

Apesar de a maioria dos casos resolver naturalmente, pode haver necessidade de procurar auxílio médico, nomeadamente na ausência de melhoria com os cuidados gerais supracitados, quando os episódios são muito frequentes ou prolongados, quando se verifica inchaço do membro afetado, alteração da cor da pele ou fraqueza muscular.

Em suma, as cãibras musculares ocorrem frequentemente na população saudável, mas os mecanismos exatos que estão na sua génese não foram ainda completamente esclarecidos.

Também por esse motivo, ainda não existe nenhum método comprovadamente efetivo na sua prevenção e tratamento. Felizmente, a maioria destes episódios é autolimitada no tempo e resolve completamente, não estando associada a nenhum tipo de consequência ou dano.


Autor: Edgar Amorim
DM

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25 outubro 2019