Festejou-se, no passado dia 30 de Abril, o Dia Nacional do Associativismo.
O Dia do Associativismo Jovem assinala-se desde 2002 e visa reforçar a importância do associativismo como escola de cidadania participativa e veículo de aprendizagem social, sublinhar o papel dos jovens na promoção dos valores democráticos, reconhecer e promover aatividade do movimento associativo jovem e estimular nos jovens o gosto pela intervenção cívica e fomentar os valores e competências adquiridas na atividade associativa.
Daqui, insisto nas palavras estímulo e fomento dessas capacidades jovens, uma vez que as mesmas devem estar presentes em todas as organizações, independentemente da faixa etária a que se referem. Acredito que para haver fomento e estímulo à juventude haja necessidade de juntar gerações, usando o conhecimento de umas em benefício do estímulo das outras.
O conhecimento profundo do Associativismo Juvenil obrigava os nossos responsáveis nacionais a vivenciar e experimentar as dificuldades que as mesmas sentem no seu dia-a-dia, e não só em momentos festivos e de visitas oficiais que unicamente e exclusivamente mostram o que de bom e exemplar se faz nessa organização.
É normal que quando se é visitado se queira mostrar a força máxima de toda uma estrutura. Mas o que não é normal é não se ter, para além dessa parte, a mínima noção da vida real das Associações Juvenis e das dificuldades atuais de manter motivadas as suas equipas voluntárias em benefício da sociedade.
Não me cabendo a mim a defesa nacional de milhares de dirigentes associativos, e para equilibrar a defesa deste movimento, existem duas estruturas nacionais de juventude, a FNAJ e o CNJ, que representam nos seus “estatutos” a defesa destas organizações, após auscultação às mesmas ou proximidade que lhes permita evidências reais e não de agendas políticas. Pelo menos assim deveria ser!
Por isso mesmo, estranho a alegria e a defesa que se tem feito da nova Lei do Associativismo, quer pelo CNJ quer pela Secretaria de Estado da Juventude, uma vez que por trás da beleza das palavras bonitas usadas, quase como se de um livro de fantasias se tratasse, está um autêntico atropelar e maltratar de muitos daqueles que fazem acontecer de Norte a Sul ao longo das últimas décadas.
Serão sabedores estes representantes nacionais do descontentamento da juventude na participação cívica de um país que está mergulhado em casos de corrupções e má gestão comunitária? Serão sabedores da importância atual de não separar gerações sob pena de criarmos vazios geracionais na sociedade?
O uso de expressões como “interesses instalados” e “perpetuar de poder” mostra uma forma de estar pouco digna e satisfatória em quem se afirma ser representante das organizações.
E se esta geração é a mais bem formada de sempre, seria bom estes representantes, que fazem da sua voz a voz nacional dos jovens, reunirem e conversarem com pessoas reais. Se conhecem maus exemplos denunciem, façam a vossa parte, mas não pluralizem, pois correm o risco de ser injustos com quem realmente não merece.
Nunca as associações injustiçadas esquecerão esta forma de estar dos seus “ditos” representantes, pois são palavras inqualificáveis e que demonstram bem a falta de conhecimento em relação ao movimento na sua globalidade.
Pelo pensamento que apresentam nos seus discursos mais recentes que se cuidem os Centros de Idosos, pois só poderão ser geridos pelos cidadãos mais séniores. E talvez as Organizações que se dedicam ao Apoio à Deficiência devam ser exclusivamente geridas por pessoas com Necessidades Especiais. Haverá coerência no discurso?
Se pretendem uma organização juvenil para jovens abaixo dos 30 anos aplaudo e estou totalmente a favor que se apresente uma nova solução. Aliás, sugeri já em alguns momentos oficiais que esta medida até poderia ser alargada a TODOS os lugares do Estado relacionados com a Juventude nas mais diversas estruturas existentes, ou seja, jovens abaixo dos 30 anos em verdadeiros lugares de decisão nacional. Ou será que nesses lugares de responsabilidade nacional os jovens já não podem nem devem entrar pois não estão ao nível da responsabilidade?
O que não percebo, pois conheço bem o mundo real associativo, é porque, para defender a sua ideia, injuriam e caluniam quem faz acontecer diariamente e justifica até a existência destas representações nacionais.
Aliás, até percebo… Quem diria que o movimento juvenil fosse capaz de nas últimas décadas se afirmar tanto, de resolver tantas necessidades com apoios insignificantes, e que a presença desse movimento começasse a dar tantas dores de cabeça a quem os quer jovens para sempre…
Um abraço e até à próxima crónica.
Autor: Ricardo Sousa