Nunca me canso de o dizer e escrever. Braga merece esta projecção internacional no mundo da cultura. E, cá para nós, Braga é um mundo cultural que ultrapassa o … cavaquinho, com todo o respeito que tenho por este instrumento popular.
Braga tem um conjunto ímpar de órgãos de tubos históricos. É de todos conhecida esta riqueza. A sua qualidade ímpar. Em cada um dos festivais ficou claro que esta asserção é verdadeira e facilmente constatável. Temos a obrigação de os valorizar e, por eles e com eles, valorizar a bimilenária e augusta cidade que é Braga.
Quando tomei conhecimento que em Mafra se ia realizar um Festival Internacional de Órgão, entre 23 e 28 de Maio p.p., procurei o programa: autores executados, intérpretes e distribuição dos concertos. E que constatei? Que o programa era variado e rico. Excelente. Os de Braga equiparavam-se-lhe. Os concertistas provenientes de vários países.
De igual calibre (alguns, em Braga, mesmo superiores!) Os concertos eram executados em diversos órgãos históricos da periferia de Mafra e, logicamente, nos seis instrumentos do Convento de Mafra. Além disso, havia uma conferência de apresentação de obras distinguidas com o “Prémio Internacional de Composição Órgãos do Palácio Nacional de Mafra”. Foi “isto” que aconteceu em Mafra.
Que difere, em linhas gerais, dos que se têm sucedido em Braga?
Sim, há duas diferenças essenciais: em Braga há pejo (nunca percebi porquê) em chamar-se Internacional, quando o é. A outra, é que, como já propus o ano passado numa série de três artigos que escrevi sobre este grande acontecimento cultural de Braga, nesta cidade ainda não se incentiva a produção de música de órgão contemporânea adaptada à identidade e característas sonoras e tímbricas dos nossos magníficos órgãos. Quanto ao resto… a mesma marca de grande qualidade.
Há, porém, outra diferença esta assinalável: Mafra faz parte da ECHO – European Cities of Historical Organs que aparece como entidade que apoiou este Festival.
E o que é, afinal a ECHO? Uma associação europeia, que inclui cerca de uma dezena de cidades que possuem órgãos históricos, está interessada em promover este património e em divulgá-lo. Entre estas, cito pela sua tradição musical, Innsbruck (Áustria), Trodheim (Noruega ), Toulouse (França). Em 2016 foi admitida Santanyi (em Palma de Maiorca, Espanha).
Braga tem condições para integrar a ECHO? Sim, Braga tem todas as condições, pois possui um conjunto absolutamente fora de série destes instrumentos, alguns deles preciosos e únicos como é aquele par extraordinário da Sé do coro alto cujo valor incalculável das caixas em nada é superior às suas qualidades sonoras.
Assim, Braga tem de chamar ao V Festival de Órgão, o de 2018, FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO e Braga tem a obrigação absoluta de se associar à ECHO.
Deixo esta minha reflexão a quem de direito.
… Mas que os responsáveis não se atrasem na adesão à ECHO, pois podem chegar tarde.
(O autor não escreve de acordo com o chamado A.O.)
Autor: Carlos Aguiar Gomes