Braga possui uma percentagem de residentes (34,51%) com mais de 65 anos, superior à média do Norte, que é de 18,84%.
Daqui se infere que o concelho de Braga tem hoje mais população sénior do que jovem. São mais de 67 mil pessoas acima dos 65 anos, em 182 mil habitantes, de acordo com os censos de 2011, num cálculo por defeito, devido à desactualização dos números.
O aumento da esperança média de vida e o envelhecimento da população são fenómenos que todas as cidades da Europa enfrentam e a que Braga não é alheia.
Com o envelhecimento da população, a proporção de pessoas idosas aumentou, as quais atingem idades mais avançadas. No entanto, interessa que esses anos sejam passados com a melhor qualidade de vida e bem-estar possíveis, com uma boa saúde e com uma vida activa, quer em termos de funcionamento físico quer de participação social. Isto significa que é prioritário desenvolver estratégias municipais para que as pessoas vivam da melhor maneira possível o processo de envelhecimento.
Uma das principais consequências do aumento acelerado do envelhecimento ocorre a nível do sector da saúde, facto que tem levado à procura de novas estratégias de abordagem deste fenómeno não só pelo aspecto positivo, mas como um novo desafio que se coloca aos governantes e decisores políticos.
Braga tem de responder, com eficácia e medidas concretas, à decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que coloca o envelhecimento no centro das políticas de promoção da saúde nas urbes que integram o movimento das Cidades Saudáveis, através de programas que pretendem obter ganhos em saúde, nessa camada tão vulnerável da população.
Enquanto cidade integrante do Projecto Cidades Saudáveis da OMS, Braga assumiu o compromisso de desenvolver programas/projectos de promoção da saúde da população idosa. Esse compromisso passa por facilitar o acesso às actividades culturais, recreativas e de lazer e desenvolver estratégias de participação e de sociabilização para promover uma cultura inter-geracional e inter-institucional, com ganhos em saúde.
Sabemos que a mudança de activo para inactivo, a que os seniores estão sujeitos, e a redução dos rendimentos, devida à condição de reformado da actividade profissional que desenvolvia, pode levar a um enfraquecimento das relações sociais.
O novo envelhecimento activo, introduzido pela OMS como o “…processo pelo qual se optimizam as oportunidades de bem-estar físico, social e mental durante toda a vida com o objectivo de aumentar a esperança de vida saudável, a produtividade e a qualidade de vida na velhice…”, tem de ser a centralidade das políticas municipais, pelo que Braga não pode continuar a assobiar para o lado. Afinal, é mais de um terço da sua população que precisa deste apoio. Portanto, mais que um compromisso político, os programas de promoção do envelhecimento activo, representam ganhos em saúde para mais de um terço dos bracarenses.
É a cada um que cabe desempenhar o papel mais importante para que o seu processo de envelhecimento seja o mais activo possível, mas isso deve estimular o poder local a desenvolver programas para que os seniores se sintam valorizados, proactivos e motivados para fazer mudanças em várias áreas: exercício físico, dieta, sono, saúde física e mental, intimidade e apoio social, segurança.
Olhando para Braga — que apoia programas como o Braga a Sorrir, Pimpolho, Combate à Obesidade, Hidroterapia e Hospital dos Bonequinhos —, verificamos que não existe nenhum projecto de apoio ao envelhecimento activo que contribua para uma melhor saúde de mais de um terço dos seus munícipes. Sim, é de vontade e capacidade política que estamos a falar.
Ao fim de oito anos de exercício do poder, é uma falha grave, é uma enorme distracção, é um falhanço em toda a linha. Levar os seniores à Malafaia constitui um engodo que apenas serve de propaganda paga por todos os munícipes para satisfazer a vaidade de uns quantos, mas que não integra uma verdadeira política de apoio ao envelhecimento activo. Desse ponto de vista, trata-se apenas de mais uma mera acção de propaganda idêntica a tantas outras a que este Executivo municipal nos habituou.
Ignorar mais de 67 mil bracarenses é um grave erro, mesmo sob o ponto de vista eleitoral, tendo em conta que, em 2017, votaram pouco mais de 94 mil bracarenses.
Autor: Artur Feio