No passado dia 27 de março comemorou-se o “Dia Mundial do Teatro”.
Infelizmente, a cidade de Braga esteve apática à efeméride, primando por uma quase total ausência ou motivação organizativa de natureza institucional, valendo, para não cair no ridículo da nulidade, a carolice de algumas associações, que proporcionaram, na Praça José Veiga, uma amostragem artística, salientando o caso dos alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo e Interpretação da Escola Secundária Alberto Sampaio (ESAS), numa simples intervenção de teatro e malabarismo.
Surreal e surpreendente, foi a indelicadeza do pelouro da Cultura da Câmara de Braga em patrocinar um agendamento cultural numa cidade apregoada como cada vez mais autêntica nestas andanças das belas artes e que se diz apostada em mudar os hábitos da sua comunidade.
Dizem os mais atentos que o pelouro da Cultura municipal, nestes últimos tempos, anda amorfo na dinamização da cultura de massas a que nos habituou.
Nos concelhos limítrofes, outros munícipes tiveram mais sorte, como o gracioso convite municipal vimaranense num auditório com cerca de 800 seniores, premiados com espetáculos artísticos alusivos ao acontecimento, estendendo esse êxito às autarquias de Barcelos e Famalicão, fomentando a atração da sua comunidade pela valorização do património cultural.
A cidade de Braga não deve centrar a sua capacidade mobilizadora apenas em futebol, maratonas ou diversas atividades desportivas em detrimento das artes do espectáculo, área em que ainda tem muito trabalho para mudar os hábitos dos seus cidadãos.
Aliás, como aconteceu um pouco por todo o território nacional, o surrealismo ou “vista grossa” da Companhia de Teatro de Braga ou da Universidade do Minho, através do Curso Superior de Teatro, de não “premiarem” os bracarenses no “Dia Mundial do Teatro”, com iniciativas artísticas, acrescido da Câmara Municipal de Braga, gestora do “Theatro Circo”, ao não promover qualquer espectáculo.
Assim sendo, à falta de uma assessoria adequada, do pelouro da Cultura da Câmara de Braga, da CTB ou da UM, valeu a “caridade” da Fundação INATEL, a ESAS e pouco mais, ao calendarizarem o registo de um evento, vergonhosamente omisso por entidades com responsabilidades acrescidas no âmbito da cultura.
Braga, a tal cidade autêntica, tem um enorme potencial em recursos humanos como mais-valia no “mundo artístico”, desde o teatro, a música, o malabarismo, a cenografia, uma experiência rica que tarda ser inserida num departamento municipal motivado na coordenação do apoio logístico empreendedor e tendente a dar aos portugueses, embaixadores de renome formativo oriundos da nossa cidade.
A Escola Secundária Alberto Sampaio, através dos seus docentes do Curso Profissional de Artes do Espectáculo e Interpretação, tem-se desdobrado num esforço na qualidade formativa de alunos candidatos a atores ou noutras áreas artísticas, realizando com frequência no Auditório Sebastião Alba da ESAS, um vasto programa de espetáculos teatrais, sobrevivendo graças à “engenharia da imaginação” na continuidade imparável e sólida nos objetivos de um trabalho posicionado numa região ainda muito distante de reencontro.
Braga não pode ser só a “Cidade Europeia do Desporto”. Deve desenvolver-se a capital europeia de outras combinações em matéria cultural, de cidadania, de lazer e social. Ora, neste caso e salvo algumas exceções, tal como o “MIMARTE”, no plano artístico urge maior empenho de quem tem a responsabilidade da gestão e do agendamento da cultura, promovendo maior consideração universal a todos os que trabalham neste concelho no apoio financeiro, logístico ou de difusão no âmbito das artes do espectáculo. Os munícipes bracarenses agradecem essa “generosidade” municipal.
Autor: Albino Gonçalves
Braga, Apática ao “Dia Mundial do Teatro”

DM
9 abril 2018