A televisão torna-se nos dias de hoje um pouco a imagem da nossa sociedade.
Assistimos àquilo que a maioria das pessoas gosta (ou se habitua a ver) e somos bombardeamos com um entretenimento de pouco nível, com somatórios de “Secret Stories”, “Quem quer casar com este ou aquele”, novelas atrás umas das outras. Programas de entretenimento com cultura geral são pouquíssimos.
O Futebol masculino é o representante máximo do desporto português, reduzindo a qualidade que as outras modalidades têm ao não as divulgarem, não promover e não dar o merecido destaque a cada umas delas.
A projecção da vice campeã da Europa na prova de 3000m Mariana Machado que nos deve orgulhar foi mínima a nível nacional, não sendo valorizada na comunicação social todos os feitos que os nossos representantes lusos têm nas suas prestações.
Emanuel Silva foi confirmado nos jogos olímpicos de 2020, após uma belíssima actuação na última semana, uma carreira notável, mas que tem um impacto muito reduzido a nível nacional…
Em tão pouco tempo ocorreram em Braga várias iniciativas, actuações de cariz internacional como por exemplo o Festival Internacional de Folclore, o Dance World Cup que juntou vinte mil pessoas, seis mil bailarinos de inúmeros países e os Jogos do Eixo Atlântico, com a nossa cidade a receber jovens do norte do país e da Galiza, nas mais variadas modalidades.
Foram dias que a cidade de Braga esteve representada além fronteiras, com os participantes e as suas famílias a trazerem o melhor deles e a levaram respectivamente o melhor da nossa cidade.
Mas a divulgação de todos os referidos eventos não teve o mesmo impacto junto da nossa comunicação social, quer na informação, quer na divulgação e transmissão dos mesmos. Certamente não seriam modalidades que dariam o share que pudesse interessar, uma vez que não se criou no público o gosto pelas diversas actividades desportivas.
Anualmente são festejados os santos populares. Braga tem uma das maiores romarias com os festejos do São João de Braga que muito por culpa da comunicação social não lhe dão o devido destaque, optando antes por transmitir constantemente as festas na cidade do Porto. A que devemos isso? A um programa pobre da Associação de Festas?! Tal argumento é falso, conhecendo o trabalho e programa das equipas que ano após ano dão tudo que têm, para ter um vasto e um rico programa na nossa cidade.
A nossa comunicação social assemelha-se um pouco ao nosso governo, tudo que seja fora de Lisboa e Porto, não merece o devido destaque e igualdade de tratamento, como no exemplo mais recente que tivemos com a diferença nos descontos dos passes sociais nos transportes públicos.
Braga deve fazer-se ouvir, não em “festas e festinhas” esse é o argumento de quem tem “fetiche pelo bota abaixo” e não quer ter a noção que a cidade de Braga deve continuar a crescer e a promover-se além fronteiras trazendo milhares de pessoas em cada evento e levando um pouco da nossa cultura. Hoje não temos a cidade fechada para dentro.
Peca a comunicação social por não valorizar o que tem cada concelho e o que leva para o exterior, para além da já “banal” marca CR7.
As nossas tradições, a nossa cultura, a dedicação das nossas gentes enriquece o nosso país e dá nos força e projecção além fronteiras.
Por outro lado, a realidade condena-nos a que continuemos a ter “Secret Stories” e novelas se não boicotarmos tais programas que pouco trazem a uma sociedade que se quer evoluída e interessada pela sua terra e pelas suas gentes e que deve continuar a cultivar a sua cultura.
A história, o desporto (no geral), a cultura, programas de entretenimento (didácticos) e uma informação simples em tempo real nas mais diversas áreas, incluindo informações concelhias cativariam e aumentariam o interesse da nossa sociedade em actividades pelas quais hoje em dia não são atraídas, bem como no aumento do turismo pelos locais em que constantemente existem iniciativas nas mais diversas áreas.
Acredito que não só Braga, mas muitos outros concelhos em constante movimentação e com programas vastíssimos podem e devem exigir a divulgação e transmissão das suas actividades, e dos seus programas.
Autor: Tony Reis