Os cortejos de vária espécie com a presença dos esbeltos cavalinhos da GNR a abrirem fileiras pelas ruas circunscritas ao evento, têm o fabuloso custo de 100 euros/dia por animal, a faturar aos promotores da comissão de festas; já o cãozinho para fazer companhia ou nomeado para estrela de telenovela ou cinematográfica fica pelos módicos 75 euros cada 24 horas. Estamos só na dúvida se neste preçário inclui o “rancho animal” a cargo dos requisitantes.
Se quiser, numa festa de despedida de solteiro, apresentar-se à mesa como figurante da prestigiada PSP ou GNR ou a encenar num enredo artístico terá que desembolsar 40 euros pela farda e para complementar o desejo da imaginação reforçada e a condizer com a realidade, para uso de uma viatura ligeira, seriam precisos mais 20 euros. E se o arrojo fosse mais consistente na moldura do veículo, um pesado custaria ao seu bolso 40 euros por dia. Talvez um “rent a car” seja plausivelmente mais económico.
Hilariante e bizarro é o processo de candidatura à PSP ou à GNR, conforme o gosto de cada um. Por uma inscrição para manifestar uma ambição vocacional de fazer parte dos quadros de uma das forças policiais, através de uma prova simples, terá que pagar 40 euros; se for com entrevista adiciona mais 10; e se no fim quiser o relatório, a tabela final determina o valor a pagar de 60 euros, para mais tarde realizar, caso reúna aptidões para o efeito, o sonho de servir a causa pública.
As perícias, exames ou recolhas no local, também não escapam, sendo a fatura de 102 euros por ato, já as auditorias estão no topo, juntamente com as competições desportivas e pareceres de segurança, que poderão ascender à fantástica soma de 160 euros por ato. A imaginação nestas coisas é fértil, incluindo também a parceria da logística com a PSP ou a GNR mais encarecida, fundamentalmente, na área pedagógica, lazer, cultural e formativa. Quem pretender um auditório larga, nada mais nada menos, que 150 euros/dia, por uma sala de formação. Tal como um espaço de prática desportiva tem um custo de 60 euros por hora e se quiser ter uma experiência única e diferencial de vida, um alojamento custa-lhe 20 euros, mas no dito diploma não designa se inclui o pequeno-almoço.
Portugal afirma-se como um país comedido nos interesses da comunidade dos seus residentes, mas age, tipicamente, como um mentor a arquitetar ou inventar maquiavelicamente modelos de sacar dinheiro aos contribuintes, através de impostos diretos e indiretos, taxas e taxinhas, contribuições extraordinárias de solidariedade, custas por tudo e por nada, esfoliando os precários rendimentos que os cidadãos recebem pelo esforço do seu trabalho.
A geringonça consiste num cenário de inspiração emocional de confiança cética e condescendente a artimanhas políticas, discursando por todas as esquinas do terraço da opinião pública que chegou a hora de devolver rendimentos aos portugueses, sem qualquer aumento de encargos de índole fiscal ou de outra natureza administrativa, garantindo-lhes uma vida qualitativamente económica e dignificada, desabada impiedosamente pelo sabor azedo do passado governo laranja.
Parece que não é bem assim quando se torna indispensável encontrar engenhos de receita pública.
Autor: Albino Gonçalves