Os políticos, a comunicação social, alguns portugueses, estão a jogar um jogo muito perigosos: tentam meter o Presidente da República na embrulhada de Tancos. Parece que não vêem com clareza o perigo que seria desacreditar o Presidente e os reflexos nefastos e imensos que isso arrastaria na democracia portuguesa.
Já pararam para pensar que, ao desacreditar o presidente da república, desacreditavam em simultâneo o exército já de si muito abalado pelas histórias estapafúrdias de Tancos? Já repararam que desacreditando o presidente da república desacreditam toda a democracia sem apelo ou agravo?
Já pensaram que estão a desacreditar por excelência, tentando fazer crer, aos menos prevenidos, que os homens são toda a instituição quando, na verdade, o foguete não é toda a romaria? O que poderia acontecer se ao descrédito do exército se juntasse o descrédito do presidente da república? Era o fim da democracia porque a nação tinha perdido a sua moral. Moral no sentido estrito de Roberto Goldim, isto é, moral como comportamento social.
Vinha uma ditadura militar para colocar o país no eixo que perdera ao desacreditar tão levianamente os mais altos órgãos de soberania do país. A nação não pode viver sem ética, moral e direito. Seria o mesmo que um corpo vivesse sem órgãos vitais. E como somos rápidos em acreditar no mal e avessos em crer no bem! Esta tendência é quem ascende os rastilhos das grandes explosões sociais. Dizia Voltaire: menti, menti que alguma coisa sempre fica.
Vejam o que está a acontecer nos países onde os povos emigram em massa! Fogem porque não encontram na sua pátria uma nação organizada que lhes garanta a paz e a sobrevivência. Nestes países o presidente já não tem crédito e o exército é cobarde por omissão. Felizmente que o conceito popular sobre o Sr. Presidente Marcelo é tão alto e tão genuíno na sua afeição por ele, que o país acredita mais em meia palavra de Marcelo do que toda a verborreia parlamentar, escrita ou dita em mesas redondas de programas televisivos.
Depois perguntamos, como é possível alguém pôr em dúvida a palavra de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a questão, ou questões de Tancos, quando foi ele o primeiro paladino e arauto de que se apurasse toda a verdade sobre o roubo do armamento de Tancos?
Causa-nos perplexidade pensar que houve alguém, ou alguns grupos, que tentaram sujar a nascente para poder inquinar a fonte. Só uma mente conspirativa, ou um juízo malsão, podem ter engendrado tais construções obtusas.
Mas não o calam, não o atemorizam, não o fazem desviar do caminho da verdade que se oculta nos meandros de alguém; seja ele ou eles quias forem, queremos saber quem foi ou foram os ladrões de Tancos. Isto é inquestionável e é escusado tentar deitar pó nos nossos olhos: queremos saber toda a verdade “e nada mais que a verdade”.
É tão simples como isto. Será que já se rouba há tanto tempo em Tancos que agora já nem sequer se sabe quem foi o primeiro a roubar? Isto é um exagero, consinto que se diga, mas quando se cerram cortinas para tapar desvios, ao exagero chamamos-lhe justiça.
Digam-nos quem roubou para não voltarmos a exagerar. Não atirem com a bomba ao ar porque sempre há de cair e espoletar. Que os estilhaços não firam de morte a inocente democracia.
Autor: Paulo Fafe