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Bom e mau uso da liberdade

2. Entendo a liberdade como a faculdade de cada um poder agir de harmonia com a própria consciência, que deve procurar ter bem formada. Livre é uma pessoa que manda em si; que toma as suas decisões; que não anda a reboque de ninguém e não atua como pau mandado de ninguém, nem sequer do líder, mesmo que se lhe chame disciplina partidária.

A liberdade é um direito de todos e não um privilégio de alguns, ao contrário do que parece ter pretendido o referido grupo de estudantes de extrema esquerda.

Em minha opinião deveriam ter respeitado a liberdade de quem promoveu a conferência. Se quisessem ir ouvir o conferente iam; se não quisessem ir, não iam. Se quisessem aplaudir, aplaudiam. Se preferissem debater com o orador e manifestar ordeiramente a sua discordância, faziam-no.

Pelo que veio a público, agiram de harmonia com a imposição da lei da rolha. Como se o seu grupo fosse o dono da verdade total. Como se os que deles discordam não pudessem, civilizadamente, expor as suas ideias e as suas opiniões. Agiram em defesa do pensamento único, o que me fez lembrar o PREC, de má memória.

3. Sendo um direito de todos, a liberdade tem os seus limites, um dos quais é o respeito pelo legítimo direito dos outros. A liberdade deve ser exercida com sentido de responsabilidade. Não deve haver liberdade para mentir, para difamar, para caluniar, para insultar, para maltratar seja quem for.

Existe a liberdade de ter uma página no facebook, mas essa liberdade deve ser usada de forma responsável e educada, o que nem sempre acontece.

O presumível sedutor da menina, pelo que veio a público, usou o facebook para enganar, postando coisas que não correspondiam à verdade.

É claro que o mau uso do facebook não existiu apenas neste caso. Há quem nele utilize uma linguagem malcriada e insultuosa; quem o use para enxovalhar as pessoas.

4. Os dois casos referidos – infelizmente poderia ter apontado mais – revelam como continua a ser importante e necessária a educação para o uso da liberdade, também entre os adultos. A liberdade não deve ser a faculdade de cada um dizer e fazer o que lhe apetece, agindo como se os outros não existissem; como se os outros não tivessem dignidade e direitos; como se os outros pudessem ser tratados como objetos que se usam, ou mentecaptos que se manipulam ao sabor das conveniências.

A liberdade não deve ser usada para impor discutíveis gostos pessoais; para enganar os outros; para abusar dos outros; para explorar os outros; para delapidar dinheiros públicos; para se servir da comunidade em vez de diligentemente a servir.

Mostram a urgência da educação para o correto uso das redes sociais. E o alvo dessa educação tanto devem ser as crianças como certos adultos.

5. A liberdade é uma coisa muito linda, mas é preciso ser digno dela. Pessoas há que, pelas funções que desempenham, deveriam ser exemplo. Infelizmente, neste domínio há pessoas que, em vez de darem lições, como lhes competia, necessitam, urgentemente, de receber lições. Cada um que olhe para si, mas a verdade é haver pregadores a necessitarem de quem lhes pregue e educadores a precisarem de quem os eduque.


Autor: Silva Araújo
DM

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16 março 2017