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Bento XVI e a comunicação

Hoje limito-me a transcrever excertos de um artigo de Frei Darlei Zanon intitulado «Bento XVI e a comunicação». É uma forma de homenagear o Papa Emérito no dia do seu funeral.

1. Em dezembro de 2012 o Papa Bento XVI inaugurava a primeira conta do sumo-pontífice no Twitter, enviando através daquela potente plataforma as primeiras “bênçãos digitais” via @Pontifex.

A sua primeira mensagem para o Dia mundial da comunicação teve como tema “A mídia: rede de comunicação, comunhão e cooperação” (2006). No ano seguinte o foco foi o desafio para a educação das crianças e logo depois o desafio de partilhar a verdade no mundo da comunicação, antecipando assim o tema da encíclica Caritas in veritate, publicada em 2009.

2. Em sintonia com o Ano Sacerdotal e com a urgente necessidade de formar os presbíteros para o ambiente da comunicação, a mensagem de 2010 foi “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra”. No ano 2009 o tema tinha sido “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade.”

Naquela ocasião, enfatizou o potencial das novas tecnologias para promover as relações, bem como a fé e a vida cristã. Dirigiu-se especialmente aos jovens, chamados por ele de “geração digital”, pois eles “se deram conta do enorme potencial que têm a nova mídia para favorecer a ligação, a comunicação e a compreensão entre indivíduos e comunidade, e usam-nos para se comunicar com seus amigos, encontrar novos, criar comunidades e redes, procurar informações e notícias, partilhar as próprias ideias e opiniões”.

3. Outro dos temas abordados por Bento XVI foi o testemunho do Evangelho no mundo digital, que deve conduzir ao encontro. Na mensagem para o Dia das comunicações de 2013 aprofundou o tema das “Redes sociais como portais de verdade e de fé”, como novos espaços de evangelização. Deixou muito clara a necessidade do testemunho cristão no ambiente digital.

Depois de reconhecer que “as redes sociais digitais estão a contribuir para o aparecimento de uma nova ágora, uma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade”, afirmou que “a autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo. Tal partilha consiste não apenas na expressão de fé explícita, mas também no testemunho”.

4. Já em 2011 tinha convidado o cristão a dar testemunho da fé no mundo virtual do mesmo modo que deve testemunhar em qualquer outra dimensão da sua vida: familiar, social, profissional, académica, paroquial.

O digital, afirmou, deve auxiliar na concretização da missão cristã, que é ir ao encontro do outro, do próximo, testemunhando o Evangelho com sinceridade e compromisso. Com as potencialidades que a rede proporciona, o cristão não pode ficar indiferente, ou usar a tecnologia como qualquer outra pessoa. Tem de dar testemunho. Tem de a usar responsável e criticamente, manifestando aí também a sua ética, as suas opções de vida, os seus valores, as suas convicções.

5.As redes sociais, disse também, para além de instrumento de evangelização, podem ser um fator de desenvolvimento humano. (...) O desafio que as redes sociais têm de enfrentar é o de serem verdadeiramente abrangentes: então beneficiarão da plena participação dos fiéis que desejam partilhar a Mensagem de Jesus e os valores da dignidade humana que a sua doutrina promove” (Mensagem para o Dia das comunicações, 2013).

O ambiente digital tornou-se a nova ágora. Bento XVI ajudou-nos a habitar este espaço cristãmente, convidando-nos sempre a inculturar e testemunhar aí o Evangelho.


Autor: Silva Araújo
DM

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5 janeiro 2023