Em 2015, quando Belmiro de Azevedo abandonava todos os cargos empresariais que detinha passando a pasta ao filho, Paulo de Azevedo, numa passagem de testemunho de quem se prepara, aos 77 anos, para, finalmente, gozar a velhice, Nicolau Santos, jornalista do semanário Expresso, descrevia este homem como «o mais importante empresário português no pós 25 de abril de 1974», destacando o percurso daquele que conseguiu construir um império que dinamizou e influenciou positivamente a economia nacional. De facto, Belmiro de Azevedo é daqueles que soube subir a pulso, nascido no seio de uma família humilde de Marco de Canaveses, o mais velho de uma fratria de oito irmãos, pagou os próprios estudos para concluir a licenciatura em Engenharia Química. A nível empresarial, na empresa onde entrou para ser mais um dos colaboradores, acabou por conquistar o topo, gerindo os seus destinos desde 1974. Fundou o jornal Público, foi o pai da Optimus e conquistou um lugar na lista da revista Forbes onde chegou a ser o único português, depois da morte de António Champalimaud.
Não lhe conhecemos casos de justiça que atentem contra o seu bom nome. A vida deste homem é um exemplo, alguém que quis ser antes de ter, que primou pela discrição e sobriedade e pela não ostentação, o que é difícil em alguém que tem uma fortuna acumulada de 1,39 mil milhões de euros. A vida deste homem é, também, um exemplo pelo percurso que fez, de baixo para cima, atingindo o sucesso a partir do trabalho e através de uma visão empreendedora. Por isso, o reconhecimento chegou de forma natural, primeiro lá fora (como é habitual neste Portugal), tornando-se, em 1999, Comendador da Ordem do Mérito Civil de Espanha e, um ano mais tarde, Comendador da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil. Dentro de portas, foi só em 2006, mas ainda a tempo que a Presidência da República o agraciou com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Mais do que justo!
Por tudo isto, não entendo em que mundo vivem os deputados do Partido Comunista Português quando não reconhecem nem o mérito nem a excelência de empresários e investidores da envergadura do Belmiro de Azevedo. Não entendo! Não entendo esta ideologia assente numa economia sem empresários ou que, reconhecendo a sua existência, os olham como quem vê o lobo mau, numa visão do mercado e da sociedade que pouco evoluiu desde 1917. Não entendo como se é contra num voto de pesar pelo falecimento de um empresário como Belmiro de Azevedo cujos feitos são inegáveis, quando, ainda há pouco mais de um ano, a 29 de novembro de 2016, esse mesmo partido apresentou um voto de pesar por Fidel Castro, o ditador, sim, ditador, responsável por milhares de mortes por fuzilamento (que se saiba!), silenciamento de opositores e coartação da liberdade religiosa. Mas, enfim, desde que vi representantes das FARC, o grupo terrorista da Colômbia que sequestra inocentes e vive do narcotráfico, na Festa do Avante a convite do PCP… já nada me espanta!
Autor: Luís Sousa
Belmiro, os empresários e o PCP
DM
13 dezembro 2017