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BASTA de violência doméstica

Um juiz tem sido destaque na imprensa, redes sociais e TVs e, por incrível que pareça, não é árbitro de futebol. Quaisquer decisões que ele tome “a favor do agressor ou contra a vítima” (palavras do seu advogado) são, merecidamente - digo eu - alvo de crítica da generalidade da opinião pública.

Dando uma de humorista acredito que possui o perfil ideal para um dia, quem sabe, ser um dos juízes de referência do VAR. Pedindo desculpa pelo abuso de querer comparar o incomparável, entendo que os nossos atletas, no final do último jogo com o Belenenses, foram alvo deste flagelo nacional.

Aqueles que mais têm apoiado e ajudado demonstraram uma apetência súbita para exercer “violência doméstica”, apupando, assobiando e até, ameaçando os nossos jogadores.

Sempre me habituei no final dos jogos de andebol no Flávio Sá Leite,independentementedo resultado final, assistir a uma comunhão entre adeptos e jogadores, com estes a virem junto à bancada, cumprimentar e ser cumprimentados.

Recentemente, na pedreira, começamos a ter também os jogadores a darem uma volta olímpica, aplaudindo e sendo aplaudidos. Já o disse, e repito, valer a pena esperar por este prolongamento, de comunhão entre equipa e adeptos.

Mas, eis que UM mau resultado em casa e duas derrotas fora (por números inesperados) levaram a um divórcio (sempre preferível à violência - diga-se) entre adeptos e jogadores, mais notado por quem esteve em Vila do Conde.

Podemos não concordar com certas ideias do treinador porque em cada adepto existe um potencial mister; não gostar das substituições; entender que há jogadores subaproveitados, mas devemos recordar que foi com estas ideias, estes titulares, estas substituições e estas convocatórias que atingimos e mantemos um meritório 3º lugar.

Temos de perceber que uma coisa é lutar por troféus nas taças, outra é conquistar um campeonato. Nas taças, um bom sorteio pode transportar-nos à final, enquanto no campeonato, prova de regularidade, só uma enorme conjugação astral (contra os do costume) nos possibilitará terminar em primeiro. A nós sócios, compete-nos digerir as derrotas com colegas de bancada, ou nas redes sociais em saudáveis picardias com amigos.

Já jogadores e equipa técnica, acreditem, é a profissão deles que está em causa e até ao jogo seguinte vão remoer a(s) derrota(s), tentando encontrar o antídoto. Também eles, podiam reclamar porque é que num clube com mais de 25 mil sócios, só 40% são assíduos no apoio em casa, mas, pelo que tenho visto, não se têm furtado a agradecer aos que lá vão.

E, se há reconciliação possível, e acredito que haja, amanhã é o dia ideal para ela acontecer e provar que tudo não passou de um equívoco. Sabem quem nos visita? Os vizinhos que cumprimentamos de mão aberta no ano transato.

Não queremos que eles, cumprindo a lei, apresentem queixa na GNR ou na polícia local sobre atos de violência doméstica que presenciem. Ao invés, vamos dar-lhes motivos para “invejarem” e quererem imitar o nosso relacionamento.


Autor: Carlos Mangas
DM

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8 março 2019