Vários especialistas da área da psicologia e da psiquiatria tem alertado para as consequências nefastas, pós pandémica do vírus covid-19, que no futuro poderá vir a deixar marcas na população. Nesta altura ainda é prematuro estar a fazer conjeturas sobre os efeitos que esta pandemia poderá trazer à sociedade, mas face aos últimos acontecimentos, na área do desporto, começo a pensar seriamente se esse alerta não começa já a produzir os seus efeitos. Este meu pensamento vem a propósito de vários casos que tem acontecido no mundo do futebol.
Perante a indignação de uns e o espanto de outros o autêntico circo em que se tem transformado o desporto-rei lusitano prossegue a sua triste caminhada de desprestígio. Isto é elucidativo do estado caótico a que tudo chegou. E quando digo tudo não estou a pensar apenas na Liga e nos seus dirigentes (a palavra “responsáveis”, neste caso, não me parece poder ser utilizada como sinónimo), mas também na qualidade e inteligência das pessoas que ocupam posições de relevo nos vários órgãos com poder de decisão no futebol e nos juízes que, à boa maneira cá do burgo, conseguem pronunciar-se sem que ninguém os entenda.Casos da suspensão do efeito das penas aos treinadores Ruben Amorim e Sérgio Conceição e ao atleta João Palhinha (sete cartões amarelos sem castigo), aplicados pelo conselho de disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, são óbvios. Se os interessados continuam a pensar que têm razão, parece-me legítimo que defendam os seus interesses, mas que tal direito não desvirtue a competição.
No entanto há outros casos a merecer reflexão e carecem de explicação nesta embrulhada:No jogo da 2ª Liga entre o Vilafranquense e a Académica (terminou com um empate) o Vilafranquense colocou um jogador (entrou no decorrer do jogo) sem que estivesse inscrito na plataforma do jogo. A Académica já protestou e soube hoje que o jogo vai ser repetido. A competição não pode vir a ser desvirtuada?
Outra situação ocorreu no último fim-de-semana, no jogo de acesso à 2ª Liga entre o Estrela da Amadora e o U. Leiria, em que o Estrela da Amadora jogou, durante 10 segundos, com 12 jogadores, após 3 substituições simultâneas em que apenas saíram 2 jogadores (surreal). O União de Leiria protestou o jogo (derrota por 2-1). O que vai acontecer? A competição não pode vir a ser desvirtuada?
Por último uma palavra para a presença de público nos jogos das competições desportivas em que o Primeiro Ministro anunciou que as competições continuariam sem público, esta época, mas depois permite-se as comemorações e os festejos do campeão nacional com cerca de 50 mil pessoas em Lisboa e um pouco por todo o país.
O grande prémio de automobilismo na algarve vai ter público mas não se permite a entrada de 12 pessoas de familiares de jogadores da Formação em jogos destes escalões. Caricato!..,
Afinal a última jornada da Liga NOS vai ter público (notícia de última hora), com 10% da lotação. Um problema para o Sporting ter que escolher 4 mil sócios para a consagração do titulo de campeão nacional. Será por sorteio ou para os amigos?
Neste futebol português é tudo possível, discutível e…confuso.
Será que a bagunça vai continuar?
Autor: Luís Covas
Bagunçadas

DM
14 maio 2021