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Austrália, Califórnia e Amazónia, esses “novos Portugais”

  1. A Austrália arde sem parar, desde há 2 meses). Nunca se vira tal coisa. Os incêndios nos bosques de eucalipto, matos e outras florestas da gigantesca Austrália começaram antes de Dezembro de 2019 e mantêm-se, sem ser dominados, todos os dias e noites, de então até agora. Nas últimas duas décadas, já tinha havido, com frequência que já começava a ser recorde (pela negativa) um que outro grande incêndio, a somar a alguns outros, mais pequenos. Mas, por se tratar de um país tão vasto e tão quente e seco, não seriam de estranhar; sendo na maioria dos casos combatidos ainda a tempo; e raramente se tornando catastróficos. Uma das excepções ocorreu já, salvo erro em 2003, quando Camberra, a pequena cidade que lhes serve de capital, ficou cercada pelas chamas e só foi salva com muito esforço.

  2. Frentes de fogo que se juntam, vilas e quintas evacuadas). E céus negros de fumo, cujas cinzas chegaram ao Chile e Argentina. Tal a dimensão do desastre, é isto o que podemos constatar pela televisão e pelos jornais. Noutros países e regiões com crónica incendiária (Portugal, Califórnia norte-americana, Amazónia brasileira, Borneu indonésio, zonas madeireiras do Zaire-Congo, Madagáscar, Grécia nos últimos anos, partes da Sibéria) é raro deixarem os incêndios chegar a este ponto de catástrofe. É perceptível uma notória falta de meios, para uma área tão vasta, quer quanto a homens, quer quanto a aviões, helicópteros e carros de bombeiros.

  3. Quando só havia britânicos e aborígenes, não havia notícia de incêndios). Uma coisa é certa. Até há poucas décadas atrás, antes de a Austrália ter aberto as portas a uma emigração macissa, quase não havia incêndios. Os raros que aconteciam eram normalmente causados por trovoadas e duravam poucos dias, extinguindo-se quase por si próprios. Penso mesmo que foi este o fenómeno raro (mas “natural”) que deu origem à expressão “bush fire”; e terá tido origem na mesma Austrália.

  4. E note-se que parte dos britânicos da Austrália descendem de presos degredados…). Com frequência, ingleses ou irlandeses. Mas, é tal o respeito intrínseco dos povos do norte da Europa pela Natureza, que mesmo sendo esta gente de reputação duvidosa, nunca se lembraram de fazer campanhas sistemáticas para destruir o que Deus criou. Igualmente as várias tribos de Aborígenes (chegadas desde há milénios ao continente) professam religiões que divinizam as plantas e animais; e nunca deitam fogo aos matos. Até porque são caçadores-recolectores e não são pastores. Na Austrália, destruir matos ou florestas para abrir espaços à criação de vacas ou ovelhas, foi um fenómeno gradual e nunca demasiado impactante. E quem estava na sua origem era o dito “Capitalismo ultra-liberal”, não os britânicos ou os escassos aborígenes.

  5. A actual Austrália multi-étnica é bem mais permeável à corrupção e aos fogos-postos). À corrupção e à droga. Daí que não espante a tese (que aliás já começa a ser defendida nos “media”e na população locais), de que tudo isto é incendiarismo, é fogo-posto. Com que intenções é que ainda não se percebe bem. A área destruída é já superior à de vários “Portugais”. Tudo arde, sobretudo nas cordilheiras orientais, desde o norte de Queensland até especialmente aos estados de Nova Gales do Sul e de Victoria. Eco-sistemas destruídos por décadas, espécies extintas, milhões de aves, répteis e mamíferos mortos.

  6. Os incêndios é que causam aquecimento do Clima, não é o inverso…). É bom que se desfaça rapidamente esta confusão (e inversão) que está tanto na moda, sobretudo entre as pequenas e grandes “Gretas” deste pobre Mundo. Não se trata aqui do falso problema de “quem nasceu primeiro, se foi o ovo ou a galinha”. Trata-se de perceber de vez que, quando por guerras, atentados ou crimes económicos, se deitam a arder (por meses) os poços de petróleo do Iraque, Kuweit ou golfo do México; ou as florestas da Califórnia, da Amazónia, de Portugal, de Borneu ou da Austrália; estão a ser lançadas para a atmosfera milhões de toneladas de CO2 sobre –aquecido que, esses sim, bem ajudam a que a temperatura do planeta Terra aumente bastante.

  7. Reprimir fortemente o Incendiarismo é indispensável para a salvação do Clima). Como é dado perceber, tudo isto não acontecia há décadas atrás e é obra de malfeitores. Daí que possa ser facilmente resolvido (com repressão criminal, é claro). Sabe-se que nos sertões do Brasil e na Amazónia, são os ricos criadores de gado que mandam queimar. Calcula-se que na Califórnia sejam imigrantes centro-americanos que o fazem, por vingança. De que é que as Autoridades estão à espera? De quem têm elas medo? Ou será que Democracia é só corrupção, secretismo e “segredinhos”?


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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21 janeiro 2020