As duas principais candidaturas à presidência do município, a de Ricardo Rio e a de Hugo Pires, já fizeram a sua apresentação oficial e é altura de verificar qual delas ganhou em termos de dimensão política:
A candidatura de Ricardo Rio ocorreu no Theatro Circo que, em tempos de pandemia, tem como capacidade máxima 500 pessoas, número muito próximo de pessoas presentes, com a particularidade de os inevitáveis ausentes terem a sua imagem colocada nas cadeiras necessariamente vazias.
A seguir, e isso é de máximo relevo, foi uma candidatura centrada no concelho pela intervenção, quer presencial, quer por vídeo, de apoiantes individuais também responsáveis máximos por diversas entidades bracarenses da máxima importância para a cidade, de cariz social, industrial, associativo, desportivo, comercial, económico, de imigrantes, empresarial, cultural, académico etc...
A caraterística principal deste evento foi a manifestação entusiástica de muitos líderes da nossa urbe em torno da candidatura protagonizada por Ricardo Rio.
A candidatura de Hugo Pires, por sua vez, foi lançada na nossa emblemática Avenida Central. No entanto, teve um número reduzido de pessoas para a possibilidade que o espaço comportaria com o respeito rigoroso das atuais regras de saúde pública. Talvez tenha sido por isso que o público, no vídeo da candidatura, apareça um número diminuto de vezes.
No entanto, o pior não está aí. O pior está no carácter redutor da candidatura socialista, centrada unicamente no Partido Socialista. Intervieram diversos militantes socialistas e até um membro desconhecido do governo interveio, completamente deslocado. Foi a expressão de uma candidatura partidária que é causa de muitas divisões no PS, como é sabido. A mensagem política que passou é que o importante não é Braga, o importante é votar PS.
É mortífera para esta candidatura o abandono político que Hugo Pires votou à cidade rumo a Lisboa, após a derrota do mesquitismo, deixando para os outros os custos do trabalho que lhe competia, sendo esta a causa mais próxima da sua visível falta de notoriedade. A sua candidatura tem sempre esse ónus e muitas se interrogarão porque é que só agora é que resolveu visitar várias instituições da cidade.
Os recentes acontecimentos em S Vitor também são alvo de reflexão. Já Cavaco Silva dizia que em política não há gratidão como é confirmado, aliás, pelos recentes acontecimentos.
Se haveria desconforto para o agora candidato individual a S Vítor em concorrer por alguma força partidária então já o deveria ter expressado há muito tempo, já que teve a sua candidatura e vitória oferecida pelo PSD, quando era um quase desconhecido, ou então, nunca deveria ter aceite, desde o inicio, ser candidato.
Agora se percebe porque é equipa com quem trabalhou e também foi responsável pelo bom trabalho feito, foi sempre colocada em segundo lugar, a favor da sua imagem.
Esta candidatura não é propriamente independente mas antes dependente excessivamente de uma pessoa que andou durante muito tempo a prepará-la, como as evidências o demonstram.
Sinal evidente disto mesmo é que passaram apenas 5 dias entre a data em que esboço este artigo e o rompimento de Ricardo Silva com a coligação e já existem cartazes, camisolas, balcões estampados com o nome do candidato, etc.
Aliás, o reforço da ideia de que esta candidatura é centrada em alguém é o seu material eleitoral, centrado unicamente no nome do candidato e não num projeto, numa equipa ou em ideias.
Outra contradição é o candidato, pretensamente independente, ir a Lisboa solicitar ao líder do CDS para incluir um militante nas listas de quem agora se separa.
Reflitamos no seguinte: quem, afinal, pensa em Braga em primeiro lugar? Quem ofereceu a candidatura e a vitória de bandeja na maior freguesia a um quase desconhecido e independente em 2013, ou quem, em 2021, se apropria da notoriedade desse lugar e lança uma candidatura individual?
Aliás Hugo Pires, se for politicamente inteligente e já que a candidatura do PS em S. Vitor tem escassas possibilidade de vitória, rezará todos os dias para Firmino Marques ganhar. Um dia, depois das eleições, escreverei com mais pormenor sobre isto.
Autor: Joaquim Barbosa