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As próximas Eleições Legislativas

A menos de duas semanas das eleições legislativas que definirão o nosso futuro coletivo, não será demais refletir sobre o que de relevante se tem dito e escrito nestes últimos dias.

Os debates televisivos entre os líderes dos diversos partidos, alguns pouco civilizados e nada esclarecedores, nem sempre cumpriram a sua missão elucidativa. No entanto, mesmo por esta razão, bem poderemos tirar ilações vendo quem verdadeiramente estava com interesse em explicar as suas ideias para o país, com correção e sem demagogia.

Na minha leitura, pela educação, cordialidade e cortesia são de destacar os desempenhos de Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa liberal e Rui Tavares, do Livre. Nos antípodas das suas prestações ficaram André Ventura, do Chega e, um pouco menos, Catarina Martins, do Bloco de Esquerda. Em relação aos de mais, creio que todos cumpriram satisfatoriamente e não goraram as expetativas neles depositadas.

Agora, já em plena campanha eleitoral, espera-se ainda um maior esgrimir de argumentos e uma subida de tom no apelo ao voto. Não irão faltar sondagens e outros estudos de opinião para todos os gostos, que mais não visam senão influenciar os indecisos.

O que poderemos esperar do ato eleitoral de 30 de janeiro?

Acentuar-se-á a dispersão de formações partidárias na Assembleia da República?

Até que ponto serão penalizados os partidos de esquerda, BE e CDU, pela não viabilização do Orçamento para 2022?

Vai o Partido Socialista resistir à fadiga da governação interrompida abruptamente pelos seus parceiros de seis anos?

Haverá um crescimento significativo das forças do centro e da direita que façam inverter a correlação existente na última legislatura?

Vai o CDS/PP resistir à concorrência do Chega e da Iniciativa Liberal?

Conseguirá Rui Rio capitalizar para si e para o PSD o notório cansaço do governo presidido por António Costa?

Na minha opinião, o Chega e a Iniciativa Liberal verão reforçadas significativamente as suas representações parlamentares.

Quanto ao PAN, se conseguir segurar o seu nicho de votantes, já será uma pequena vitória para a sua líder, Inês Sousa Real.

O CDS/PP, pelo seu programa, pela coerência da sua doutrina e pelo seu papel na história da democracia, deverá resistir às muitas sentenças de morte anunciadas.

O PSD deverá ter um crescimento muito considerável pela clareza do seu programa, pela imagem de modéstia e seriedade do seu líder e pela vontade de mudança sentida em amplos setores da sociedade portuguesa.

O Partido Socialista tentará resistir ao desgaste de seis anos de governação, onde ainda estão presentes um conjunto de peripécias que a fragilizaram e ao sentimento de mudança sempre presente em qualquer eleição. No entanto, a insistência de António Costa em repetir que se ganhar a contenda eleitoral apresentará o mesmo Orçamento, derrotado por larga maioria na Assembleia da República, pode ser muito penalizadora.

O Bloco e a CDU dificilmente não serão punidos ao terem rompido com a chamada geringonça que permitiu a António Costa governar durante os últimos anos e que culminou com a não viabilização do Orçamento.

O Livre, de Rui Tavares, poderá desta vez robustecer a sua votação e fazer eleger deputados em Lisboa e no Porto.

Quanto aos outros partidos presentes no boletim de voto, julgo que não terão qualquer expressão de realce, nem constituirão motivo de surpresa.

Esta é a minha previsão para o ato eleitoral que se avizinha e de cujo resultado dependerá o futuro imediato de cada um de nós.

Acredito que, contrariando muitos dos vaticínios conhecidos, uma solução robusta poderá nascer destas eleições.

Não há dados adquiridos e, como diz o povo, “até ao lavar dos cestos é vindima”.

Os exemplos abundam. Basta lembrar a surpresa de Lisboa nas últimas eleições autárquicas, para aquilatar desta irrefutável verdade.

O direito de voto é um direito próprio de cada português e comporta um dever cívico assente num preceito de cidadania. Fazê-lo, é também defender a democracia tão ameaçada nos tempos que correm.

Não deixemos na mão dos outros as nossas escolhas. Sejamos cidadãos de corpo inteiro e façamos uso deste importante dever cívico.

Com voto antecipado ou fazendo-o no próprio dia, é fundamental participar.

Está nas mãos de cada português fazer a melhor escolha e, sobretudo, não deixar de votar.


Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
DM

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18 janeiro 2022