twitter

Às portas de 2019

Sempre que um novo ano se aproxima, tarólogos, cartomantes e astrólogos fazem prognósticos, avançam soluções e, até, condicionam a vida das pessoas lançandoas cartas, consultando bolas de cristal, fazendo leitura das mãos e dos astros; e cada um de nós, crente ou não nas crendices e ciências infusas, sente a atração misteriosa em saber o que nos traráa chegada de um novo ano.

Estamos, pois, às portas de 2019; e espera-se que não seja mais um novo ano, ...mas, sim, um ano novo de esperanças, realizações e, porque não, sonhos e utopias; se já como diz o poeta o sonho comanda a vida.

E fazendo uma análise transversal a 2018 eleé um ano para esquecer; mormente pelo que nos trouxe nas catástrofes de incêndios que levaram às populações atingidas insegurança, miséria e morte; e, consequentemente, pelos danos patrimoniais, familiares e sociais que sempre consigo arrastam.

Igualmente a tragédia do roubo de armamento militar dos paióis de Tancos veio provar que nada nem ninguém, neste país de brandos costumes e maus exemplos, está seguro, onde as práticas sociais incongruentes, injustas e imorais que resultam em corrupção, facilitismo e incompetência alastram; e, sobretudo, em instituições cujos códigos de conduta se devem pautar pelo rigor, lealdade e honorabilidade postos ao serviço de todos.

Mas, olhando ao que se tem passado na instituição militar, a preocupação dos portugueses aumenta, já que sempre viu nas suas forças armadas o garante da independência, do aprumo, da defesa da liberdade e da justiça social; ora, quando o contrário acontece, é óbvio que certas forças políticas se aproveitam da situação, resvalando para um atuação de aumento da corrupção, do politicamente correto e do desprezo pelos elementares valores da dignidade, da liberdade e da verdade.

Depois, a meu ver, o governo da geringonçapautou a sua atuação pela propaganda, pela demagogia e pelo otimismo balofo, praticando uma governação de circunstância; e, logo, inconsequente e ineficaz, dando, por exemplo, com a mão esquerda, como éda sua ideologia, para de seguida retirar com a mão direita; e, mormente, submisso àditadurado ministério das Finanças que, para baixar o défice, se valeu de cativações, atrasos de pagamentos e cortes drásticos no financiamento aos restantes ministérios.

Desta forma é óbvio que o défice baixa mas, contrariamente, aumenta a dívidablica tal como a pobreza entre milhões de portugueses; e, para que dúvidas não restem sobre o alcance deste garrote financeiro, a Saúde, a Educação a Segurança Social, a Justiça e, em geral, a Administração Pública vive tempos de insegurança, desrespeito e austeridade.

Agora, pensando na Justiça cujo funcionamento élento, moroso e ineficiente e no surto de greves que varreram o ano que chega ao fim, o quadro político do país é confrangedor e por culpa das cedências que o governo fez aos parceiros do acordo parlamentar, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português, desprezando os trabalhadores em geral e a classe média, em particular, como o comprova a luta dos professores, médicos, enfermeiros e forças de segurança pela contagem integral do tempo de serviço e reposição das carreiras.

E este total desprezo pela luta dos trabalhadores por parte de um governo que se intitula de esquerda e apoiado pela extrema-esquerda foi bem o espelho da sua falta de sensibilidade, tolerância, coerência e justiça social.

Entretanto, o Presidente da República foi parecendo alheio a estas realidades sociais, preferindo a aparente paz social que as permanentes greves e manifestações de rua comprovam aos recados e admoestações à geringonça; e, enquanto vai tirando umas selfies e distribuindo afetos pelo país abaixo e acima, lá foi debitando discursos, apelando à solidariedade, ao patriotismo e à consensualidade; só que a austeridade não deixou nunca de ser um camartelo esmagando o povo.

Pois bem, que 2018 se fine como um ano negro que atingiu o país e a ninguém de bom senso deixa saudades; e que venha 2019 que, como ano de eleições, traz já a marca da fina demagogia, da esotérica abundância e do benfazejo regabofe que éo território onde a maioria dos políticos sempre se sentem como peixe na água

Sóque esta forma de governação e de fazer política nunca resolveu, nem resolve os graves problemas, porque fundamentais e estruturais, do país; espera-se, pois, que 2019 seja mais realista, mais justo, mais próspero e mais feliz para o povo do que o foi 2018.

Então, um bom ano e até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

DM

26 dezembro 2018