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As novas teses do Ocidente e a antítese afegã

  1. Kant e Hegel). Excepto no que diz respeito à Técnica, à Ciência, à Guerra e ao Trabalho, os pobres dos nossos amigos alemães são um povo muito complicado e complicativo. Na sua vida social, cheios de complexos vários (frequentemente conflituantes), agravados pela reacção (imposta pela sua Democracia actual) ao legado da sua História “recente”; e aqui refiro-me à castração moral e nacional provocada pela explicação dada à derrota na já vetusta 2.ª Guerra Mundial. Os antigos filósofos alemães mais conhecidos (Kant e Hegel), elaboraram processos de pensamento e de análise de factos, de ideias e do Homem, que resultam desnecessariamente complicados (e frequentemente são mal traduzidos para outras línguas). Uma excepção ao rebuscamento veiculado por estas correntes (que antecederam o Racionalismo) será a concepção hegeliana de que as ideias e a Cultura (e depois, a Civilização) tenderão a evoluir através da proposta de certas teses; que normalmente dão origem a respostas contrárias (as “anti-teses” ou antíteses); e da interacção de ambas acaba quase sempre por surgir uma síntese, frequentemente um caminho intermédio entre a tese e a antítese.

  2. As pobres teses da actual Civilização Ocidental democrática). A ideia de Democracia (poder do povo) não se inclui obviamente na referida “pobreza”. Isto embora a Democracia seja, por toda a parte (e quase como regra…) frequentemente desvirtuada; e uma verdadeira ponte para que a Liberdade individual resvale, sem travões, para a libertinagem e para uma variada gama de deboches. É que, para culturas mais tradicionais e que são maioritárias por esse mundo fora (inclusive na China e Índia-Paquistão), muitas das manifestações culturais e civilizacionais que o actual Ocidente euro-norteamericano tem produzido nas últimas décadas, são bastante incompreensíveis (e até, repulsivas).

  3. É que, a “Civilização Ocidental” tem sido submergida pelos ideais da Esquerda). E nada obrigava a que assim fosse. No passado, o Ocidente passou por outras fases, também bem longas, só que de Conservadorismo e de Moralismo. Lembremos, p. ex., a época vitoriana (séc. XIX inglês); ou o notável 2º Reich alemão (1870-1918); ou os equilíbrios do império Austro-Húngaro (1815-1918). Ou os ideais de moral e de nação pregados pelos diversos “fascismos” europeus, na Itália, Alemanha, Hungria, Eslováquia, Croácia, Espanha, Portugal e Roménia (claro que eram “do Ocidente”, mas não eram Democracias).

  4. As “1001 noites” confrontam-se com os “1001 géneros”). Aquilo que de mais ousado, a Civilização Islâmica tem tido para apresentar têm sido as 1001 noites. O Ocidente inventou agora os “mil e um” sexos (que rebatiza de “géneros”). A Ali Babá e seus 40 ladrões, contrapõe o Ocidente os seus 400 “padrinhos” e 40 milhões de mafiosos e imitadores de todas as etnias, especialmente alienígenas e adventícias. Às 4 esposas e 24 amantes autorizadas pela “religião do profeta”, opõe agora o Ocidente uma época em que as uniões de facto (hoje mais numerosas que o casamento e agora, também entre pessoas do mesmo sexo) gozam de protecção idêntica à do matrimónio. Já para não falar do contraste entre a (errada) subalternização das mulheres, pelo Islão; contrastando com os excessos ocidentais do Feminismo.

  5. Tatuagens, “piercings”, droga, cães perigosos, Arte e Arquitectura). A Arquitectura e a Arte modernas ocidentais (na minha modesta opinião, revoltantemente decadentes) são das tais teses que provocarão antíteses pelas civilizações rivais. Nem será preciso comentar também o efeito que provocarão os que seguem modos “unisexo” de vestir ou de cortar o cabelo. Ou os que se deixam tatuar da cabeça aos pés. Ou os que possuem ou exibem cães perigosos (e sem açaime). Note-se que Maomé (m. em 632 d. C.) gostava pouco de cães, inclusive foi mordido por um.

  6. Biden “starts to deliever” e foge do Afeganistão). Foi Trump quem chegou à paz com os talibãs e projectou a saída. Mas um homem como Trump nunca abandonaria os amigos e demoraria o tempo que fosse necessário para evitar que a evacuação acabasse, como acabou, a ser controlada pelo inimigo, que rapidamente tomou Cabul e todas as províncias. Recorde-se que Trump, em 2003 (ao contrário de Biden e da maioria da elite política americana) foi contrário à injustificada e vexante invasão e conquista do Iraque, de Saddam Hussein, pelo pres. Bush (filho). Nem foi Trump que mandou torturar presos em Abu Grahib ou Guantánamo (foi Bush). Nem foi Trump que mandou assassinar o comandante Ben Laden, em Abbottabad, no Paquistão (foi Obama).

  7. Os “estudantes” regressam, 20 anos passados). E o “timing” é tão mal escolhido que até parece de propósito. Uma diferença de semanas, apenas. É certo que o 11 de Setembro de 2001 justificou a invasão americana do lugar onde se acoitavam os culpados (o Afeganistão). Porém, aí estão eles agora outra vez, quais rústicos mal vestidos, a controlar as avenidas e os palácios. E a impor as suas velhas teses arqui-conservadoras, verdadeiras antíteses daquilo que o Ocidente propõe em matéria de costumes. E que nem toda a gente aceita.

  8. Tese e antítese… mas onde está a síntese?). A síntese nem precisa de ser tão radical quanto a tese e a antítese. Contudo, demora a aparecer. Que forças travam o devir natural (hegeliano) das coisas?


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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21 setembro 2021