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As migalhas gigantes

Este título surgiu por ver a migalha BE arrogar-se muitas vezes, tantas vezes, em gigante como partido. É igualmente verdade que está na mesma linha de atuação o CDS. O PC sendo também uma migalha tem nos sindicatos um fermento que o torna maior que estas duas migalhas antecedentes. Não lhes faltará vontade a uns e a outros para crescer, mas entretanto, devem comportar-se como pequeno partido que são. Se não é o número que faz a razão, é o número que faz o peso político. Quem os ouve nas televisões até parece que falam como se tivessem percentagens de 30 ou mais por cento. Não é que não façam falta na luta política. São rãs a inchar no prado. Os seus pontos de vista são normalmente de partidos que nunca serão governo sozinhos e por isso podem muito bem reivindicar a Lua e as estrelas para serem partidos de contestação. Só que parece que nunca aprendem de umas vezes para as outras. Ou melhor nunca arrefecem ou desanimam perante a escassez de aceitação nacional, ano após ano, eleição atrás de eleição e eles sempre a marcar passo como galucho que não sabe ir no desfile da parada! Se fossem verdade as suas doutrinas e a sua aplicação à realidade portuguesa porque será que não têm a maioria do eleitorado por si? As suas “vantagens, as suas lutas, as suas energias políticas, todos os anos, anos que somam décadas, não convenceram ainda? Diziam dantes à guisa de justificação para estes insucessos seguidos que se deviam à falta de politização das massas e carência de consciência coletiva. Mas o tempo foi passando, as gerações sucederam-se, as consciências políticas foram-se formando, os eleitores tornaram-se muito mais politizados, e as migalhas ficaram na mesma, nunca medraram, nunca foram bolo. Eram migalhas e migalhas ficaram. Parece fácil daqui extrair uma conclusão: a sociedade portuguesa é social-democrata e não comunista, trotskista ou direitista. É social-democrata e tem dois partidos que a representa e têm sido alternadamente governo: O PS e o PSD, ambos social-democratas; o primeiro mais social, o segundo menos social mas ambos democratas. Penso que o mau bocado que o PSD está a passar resulta do facto de ser democrata pouco social. Quem nega a matriz esquece a origem e torna-se estranho em terra própria. A grande maioria da sociedade portuguesa está no PS e no PSD. Isto não valida ou baliza a hipótese de qualquer fusão: seria a ditadura democrática, passe a contradição; o governo para melhor governar tem de ter medo de perder eleições, isto é, tem de governar para quem lhes dá os votos. Quem ouve falar Catarina Martins, Jerónimo de Sousa ou Assunção Cristas, parece que escuta a BBC da política portuguesa. Devemos ouvi-los com respeito mas sabendo que não representam a maioria do pensamento da sociedade portuguesa. As suas vozes são de gigantes mas não passam de vozes de migalhas.
Autor: Paulo Fafe
DM

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16 outubro 2017