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As faces da moeda

A realidade da vida pode ser muito dura. Quando somos confrontados com a perda, com o “não” injustificado, com as dificuldades persistentes, com a arrogância, temos sempre que estar preparados para eventualmente cair, mas logo de seguida levantarmo-nos e continuar o caminho. A vida no desporto é assim, está carregada de dias alucinantes, duros, difíceis de encarar, mas também um lado positivo que vale a pena acreditar e lutar. Quando esta semana assistia à “XX Gala do Desporto da Universidade do Minho”, e ouvia os discursos dos representantes institucionais e ao desfile dos vários vencedores, refletia sobre, por um lado, a importância das boas decisões políticas, da capacidade e apoio efetivo dos decisores, no fundo, da vontade destes em quererem tanto como os atletas/os treinadores, em conseguir atingir esses quadros de sucesso. Mas, pensava igualmente nas horas de trabalho, de dedicação, de sacrifico, que cada um desses atletas/treinadores premiados deu de si, para poder ganhar desportivamente, cumprir academicamente e, depois, poder sentir orgulhosamente esse reconhecimento. O percurso desportivo é feito de pedaços de experiências, nem todas positivas, que obrigam à constante adaptação, que fazem criar soluções, encontrar melhores caminhos. Costumo dizer que a verdadeira lição do desporto passa por saber gerir os louros da vitória, e depois o fardo das enormes responsabilidades que ela carrega, mas também a capacidade de encarar a derrota como o ponto de motivação para trabalhar com mais determinação. Há no desporto um lado que me fascina, que é o lado da estimulação do crescimento, da evolução, do saber mais, do fazer melhor, procurando incessantemente a coerência de um ser humano mais sensato, mais completo, mais solidário e a saber trabalhar em equipa. Acredito piamente no valor ético e educativo que o Desporto encerra. E tenho muita pena que a maioria das pessoas não saiba o que isso é ou representa. Vários estudos recentes de investigadores ingleses e norte-americanos sobre o que é necessário para alguém se tornar um excelente “profissional”, apontam para a “capacidade de trabalho árduo em busca de um objetivo”. Esta determinante é referida como mais importante que o talento natural para determinada área. Nesses mesmos estudos foi mencionado por diversas vezes a “regra dos 10 anos”, como um aspeto também determinante, pois em nenhuma atividade profissional, sem esse tempo de dedicação, treino e melhoria das competências, dificilmente se atingem valores de excelência. Na semana Europeia do Desporto, esta minha reflexão pretende enaltecer a importância de 4 aspetos fundamentais para o percurso e formação de qualquer jovem (desportista ou não): As condições para o processo, a capacidade de trabalho árduo, a capacidade de adaptação e a resiliência. E, neste aspeto, o Desporto é a via mais forte, mais intensa e o melhor campo de aprendizagem para a evolução humana.
Autor: Carlos Dias
DM

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24 setembro 2021