Uns herdaram grandes patrimónios, outros adquiriram-nos por meios ilícitos e tantos outros foram bafejados por uma espécie de “sorte milagrosa”. Só que, muitas vezes, na ânsia de alcançar as grandes fortunas, não têm pejo em utilizar sempre a violação sistemática dos direitos humanos, desrespeitando a própria dignidade do homem. A avidez não os deixa ter em consideração a existência de outras coisas mais significativas e mais nobres do que a riqueza material.
Essas pessoas resistem ao alerta da consciência que as quer direcionar para o reconhecimento dos valores éticos que teimam em desprezar. Tudo o que uma pessoa faz deve ser definido pela escala de valores universais que, pela sua essência intrínseca, respeitam a dignidade humana. A verdadeira riqueza apoia-se sempre em valores sólidos e autênticos. Acresce ainda que os valores têm que ser bem interiorizados, de tal modo que a pessoa, ao agir, não tenha necessidade de estar a pensar constantemente neles. Com o decorrer dos anos, já os vai praticando, muitas vezes até com um automatismo rotineiro, uma vez que tal maneira de ser já integra, profundamente, a sua personalidade.
É o caso dos sentimentos humano-transcendentais da humildade, da generosidade, da bondade, da justiça e da deontologia profissional. Nos tempos primitivos, as gerações humanas formavam pequenas povoações, tanto em zonas citadinas, como, sobretudo, em áreas campesinas, nas quais se coexistia harmoniosamente com todo o meio ambiente. Foram épocas em que os seres humanos estavam mais apaixonados pelos valores transcendentes do que exclusiva e cegamente pelo dinheiro e por toda a espécie de patrimónios meramente materiais.
Nos tempos modernos, apesar da evolução científica e tecnológica, reina incólume a ganância, a corrupção, a falta de educação e de respeito por tudo o que é justo e humano. Veem-se manifestações e caminhadas por motivos fúteis, mas não se assiste a grandes protestos contra a insegurança, os roubos, os assassinatos, a incivilidade, os malefícios, a corrupção, o aborto ou a eutanásia. A humanidade caminha irreversivelmente para a destruição da sua própria dignidade e do seu verdadeiro objetivo vivencial terreno.
O antigo aforismo “conhece-te a ti mesmo” ganha um significado cada vez mais relevante à medida que vamos conhecendo melhor o modo de vida das pessoas. As investigações modernas feitas em Psicologia, em Psiquiatria e noutras ciências específicas sobre o comportamento do homem revelam ligações intrínsecas entre a saúde mental e uma visão racional do “eu”. A maior descoberta que cada pessoa pode fazer é a do seu “eu” real e desenvolver o poder que nele existe e que se deve aperfeiçoar continuamente.
As potencialidades interiores do homem são tão grandes que ele ainda está muito longe de as esgotar. As energias e as capacidades humanas são infinitas, proporcionando condições para, quando corretamente aproveitadas, satisfazer as necessidades da humanidade, ajudando assim a banir-se fortemente a injustiça, a malícia, a ganância, a corrupção e toda a espécie de violações dos direitos humanos.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes