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As desgraçadas contas do estádio

Como é possível?

Como é possível que o Estádio Municipal tenha tido uma avaliação de custos de 65 milhões de Euros e, pelas contas agora apuradas, se chegue a um valor superior a 175 milhões de Euros, 270% superior?

Como foi possível que estas contas estivessem de tal modo escondidas durante décadas no labirinto camarário que até demorou uma eternidade para proceder, com detalhe, à determinação global das mesmas?

Ricardo Rio, enquanto vereador na oposição, sempre indagou o executivo sobre as despesas do estádio, ficando para a história o requerimento – sem resposta – dirigido ao executivo socialista de então, datado de 12 de Junho de 2003, que lhe legitima agora a indignação para afirmar que o estádio municipal custa mais 10 vezes que a conclusão da Variante do Cávado e a intervenção do Nó de Infias, mais 15 vezes o investimento no PEB, mais 30 vezes que o custo do Mercado Municipal e mais 50 vezes o investimento na expansão do Parque Desportivo da Rodovia.

Só uma gestão muito competente permitiu ter pago, ao longo destes últimos 6 anos, 90 milhões de euros, relativos ao estádio, SEGEP, devolução de fundos comunitários, etc., quando o orçamento municipal, sem fundos comunitários, é de 80 milhões de euros, dos quais 80% deste valor são despesas fixas.

Só a totalidade dos custos de construção e equipamentos do estádio – cujo montante, foi determinado não exceder 65 milhões de euros – são, afinal, superiores a 137 milhões e 300 mil de euros.

Ao Consórcio da construção há que pagar – por custos extraordinários – um montante global superior a 15 milhões de euros estipulado por sentença judicial irrecorrível, estando a ser estudada uma nova modalidade quanto ao seu pagamento.

Ao arquiteto Souto Moura já foram pagos 4 milhões e meio de euros (já incluídos 350 mil euros de trabalhos nas “Piscinas Olímpicas”) e discute-se em tribunal, por iniciativa do próprio, uma verba suplementar superior a 2 milhões e seiscentos mil euros, com um acréscimo previsível de juros – pasme-se! – de 2006 até ao presente.

Os terrenos do Estádio e as suas infraestruturas foram expropriados por um valor de 5 milhões de euros, sendo 40% do valor de 12 milhões de euros pela expropriação dos terrenos do Parque Norte.

Foram também contratualizados 75 milhões de euros em 6 empréstimos bancários – um para o Parque Norte e cinco para o Estádio – dos quais já foram pagos 24 milhões e 400 mil euros de juros. Só recentemente é que o Sporting Clube de Braga paga as despesas de funcionamento, pagando a Câmara uma verba de cerca de 110 mil euros anuais pelas despesas de manutenção que já lhe custaram, extraordinariamente, mais de 500 mil euros.

Mais exemplos? O pagamento anual de 7 milhões de Euros à SEGEP pelos relvados sintéticos é outra “desgraça”, assim como a quantidade de terrenos em locais de desenvolvimento na cidade, adquiridos estrategicamente a proprietários ingénuos e desinformados sempre pelos mesmos negociantes e que assim, futuramente, ganham mais valias exorbitantes à custa do erário municipal!

O leitor não se interroga como seria Braga, apesar de toda a evolução que teve nestes últimos 6 anos, se não tivesse todas estas amarras de décadas que limitam o crescimento do nosso concelho da maneira como desejamos?


Autor: Joaquim Barbosa
DM

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23 outubro 2019