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As consequências nefastas do modelo de ensino monolítico-mecanicista

Isto, porque se trata de um modelo que considera o formando como um ser totalmente programável do exterior, um produto estandardizado como um único meio para atingir, pelo menos, a média dos fins almejados, em função das expetativas sociais previstas para a obtenção daquilo que os responsáveis desejam. Quando os alunos não conseguem a média expectável, logo soam os alarmes, apontando como primeira causa do insucesso a falta de atenção dos mesmos. Então, o remédio mais indicado para remediar a situação é logo a medicação que aparece como solução milagreira. E assim, quantas crianças medicadas existem por esse mundo educativo e são biopsiquicamente controladas, sem grande poder de iniciativa e criatividade pessoais.

Além disso, está também muito em voga a definição de objetivos em função do mercado laboral e da economia. Só que esquecem-se que esse dito mercado está em constante evolução, de modo que, muitas vezes, o curso ideal para se conseguir trabalho que existe na fase de formação pode, ao chegar a hora do emprego, estar já desatualizado. Por isso, mais do que modelos mecanicamente programados, devem formar-se pessoas criativas, engenhosas, capazes de se adaptar às mudanças, acompanhando toda o progresso cultural e tecnológico que evolui continuamente. Os métodos mecanicisto-utilitaristas são intrinsecamente monolíticos, segregacionistas e sectários. Eles têm, na sua génese, uma filosofia profundamente materialista, redutora e persecutória, de um modo latente ou sub-reptício, dos outros métodos mais abertos, pluralistas e tolerantes. S. Tomás de Aquino afirmava que “quando algo preexiste numa potência ativa completa, o agente extrínseco não atua mais do que ajudando o agente intrínseco, ministrando-lhe os meios com os quais possa passar à ação”. Noutra passagem dos seus ilustres escritos pode ler-se: “o princípio externo, ou seja, a arte, não atua como principal agente, mas sim como coadjuvante do agente principal, que é o princípio interno, confrontando-o e ministrando-lhe os instrumentos de que a natureza se serve para produzir o efeito”.

Estamos numa época crucial de progresso científico, cultural e tecnológico, cuja evolução é vertiginosa. Por isso, dizemos que até os momentos de crise são momentos privilegiados para questionar os sistemas, incluindo o educacional. Ou nos dedicamos a procurar outros métodos mais adequados a cada tempo histórico e que resolvam os nossos problemas no curto prazo ou, pelo menos, devemos colocar em dúvida o modelo existente que já não satisfaz, devolvendo aos educandos o protagonismo da sua própria educação. Educar na curiosidade e na pesquisa criativa é optar pela metodologia mais racional e humana.

 

Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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18 maio 2017