É minha velha conhecida e dá-se pelo nome de choupo-tremedor (Populus tremula). Ao género Populus (termo latino para “povo”, “pessoas”) pertencem muitos outros choupos, destacando-se os mais vulgares choupo-negro e choupo-branco. Todos eles são da família das Salicaceae e, por esta via, parentes dos salgueiros, que pertencem ao género Salix.
A maioria dos choupos gosta de terrenos ribeirinhos, mais húmidos, e possui um sistema radicular algo invasivo que, nas condições de maior secura, procura a água a maiores profundidades ou distâncias do tronco. Uma outra característica dos choupos é que são espécies dióicas, ou seja: há árvores masculinas, que produzem o pólen, e árvores femininas, que produzem as sementes. Estas pequenas sementes são, geralmente, envoltas numa espécie de algodão que lhes permite voar para longe da árvore mãe e fixar-se noutras bandas.
Estas duas características de que vos falei acima, têm-lhes granjeado algumas injustas inimizades e não raras (e também injustas) perseguições. A primeira crítica frequente resulta dos estragos que as raízes dos choupos (em particular das espécies híbridas) provocam nos passeios, incomodando a circulação dos peões e, ocasionalmente, provocando quedas mais ou menos aparatosas. Mas que culpa têm os choupos que os plantem em passeios onde mal cabem as pessoas e que não se prevejam caldeiras suficientes para o seu porte futuro? Porque não plantá-los nas zonas ripícolas e em espaços mais abertos e não pavimentados? Já quanto ao “algodão”, o ódio é ainda mais exacerbado. Quem nunca ouviu queixumes dos alérgicos àquelas horrorosas nuvens brancas? Claro que o que provoca as alergias são os pólenes invisíveis de uma miríade de outras plantas, de diversos tamanhos e feitios, geralmente gramíneas e outras herbáceas, e não as desgraçadas das sementes de choupo. Mas como os “criminosos” andam escondidos, aponta-se o dedo a quem anda à vista!
Aquele ali, tão bem instalado longe dos passeios, tão cuidadoso em não libertar pólenes, deixem-no estar a dizer-me do vento, à tardinha. Já lhe basta o infortúnio de não estar à margem do rio e não ter só o céu por cima e a água por baixo, como desejava Alberto Caeiro.
Autor: Fernanda Lobo Gonçalves