Se é dos que pensam que Braga é uma cidade provinciana, maneirinha, caseira e coscuvilheira, deixe de ser matumbo, casca grossa e evolua; sobretudo, não se deixe levar pela cabeça dos outros e, muito menos, pelas bacorices político-partidárias que por aí abundam, muitas vezes fruto do reviralho; pois se alguma coisa há que nunca faltou à grande maioria dos bracarenses é força na língua e bairrismos bacocos.
É que, olhando com olhos de ver e pensando com a nossa cabecinha, Braga está no top mais das cidades culturais, inclusivas, turísticas e educadoras onde pontificam a boa comida, as belas paisagens, moças bonitas, um invejável património arquitetónico e cultural e uma estrondosa simpatia das suas gentes no bem receber e tratar; e para quem de pé atrás sempre está e do bota-abaixo é campeão, fique sabendo que até temos uma autoestrada dentro da cidade, a que já chamam A31 e liga a Praça General Humberto Delgado, na Quinta da Capela, ao Largo da Senhora-A-Branca.
E, A31 porquê, perguntará o amigo leitor? Ora, porque a maior fatia desta autoestrada centra-se na Avenida 31 de janeiro, antiga Avenida Salazar, e completa-se com a junção da Avenida dr. Porfírio da Silva.
Pois bem, embora servida na quase totalidade dos cruzamentos e entroncamentos, por semáforos, esta Avenida, dada a sua amplitude e traçado retilíneo, permite a quem não gosta de respeitar passadeiras, mas adora carregar no pedal, largando as bestas em velocidade de autênticos aceleras; e, assim, quem mesmo nas passadeiras arrisque atravessar a via onde não há semáforos, arrisca-se a ser abalroado e partir desta para os anjinhos inocentemente; ou, no menos mau dos cenários, ficar a andar de muletas ou de cadeira de rodas.
Ai ficou de boca aberta e a torcer o nariz como se isto não passasse de uma balela? Pois, pois e não é para menos; e eu também ficava se não tivesse já visto, registado e apontado por alguns moradores da zona o que nesta Avenida se passa em certas ocasiões e com determinados fângios do volante que se marimbam para quem circula responsável e atentamente; basta só pensar no que, há tempos, aconteceu com um desses fângios, quando pelas cinco da matina, levou pelos ares o quiosque do Largo da Senhora-A-Branca; ora, se isto acontecesse de dia e com o movimento de pessoas que ali se regista muitas mortes haveria a lamentar.
Pois é, perante esta insólita situação urge tomar medidas radicais e eficazes que lhe ponham cobro e restituam a tranquilidade e segurança à referida Avenida, por sinal uma das mais bonitas da cidade; e que passam, obviamente, por uma fiscalização apertada e musculada; porém, se não houver dinheiro para o policiamento, fruto dos apertos mais duros do que os da Troica impostos pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, que se opte pela instalação de radares, só estes capazes de fazerem serviço limpo e a toda a hora, metendo, assim, na ordem os desordeiros do volante.
Agora, para além de tranquilizar os habitantes daquela Avenida e os peões que se abalançam à sua travessia, a medida pode encher os cofres da instituição responsável pelo cumprimento da lei; e, até, aqui para nós que ninguém nos ouve, se Mário Centeno, viciado como está na descida do défice, sabe desta situação, garanto-lhes que destaca já para o local uma brigada de cobradores de impostos que, A Bem da Nação e, sobretudo, dos cofres do Estado, depressa enche o saco.
Além do mais e antes que seja tarde, os guardiões da nossa cidade só têm uma coisa a fazer: lançarem mãos à obra metendo na ordem os arruaceiros do volante que da Avenida fazem a dita autoestrada; e até para que, após a restituição da segurança e da tranquilidade à Avenida 31 de Janeiro que todos os bracarenses desejam, possamos finalmente dizer que ...
É BOM VIVER EM BRAGA!
Então até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado