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Apanhados 3

APANHADO 1 – Os cartazes espalhados por algumas artérias da nossa cidade, anunciando por ali a passagem da corrida de S. Silvestre no dia 16 de dezembro do ano transato, continham um erro ortográfico de palmatória; é que, para além do dia e hora do referido evento, rezava assim: passa por aqui trânsito proíbido. Pois bem, proíbido assim grafado é uma palavra esdrúxula e não grave como deve ser – proibido com sílaba tónica no bi que é a forma correta. Eu sei que a nossa querida Língua é demasiado complexa e, sobretudo, para pessoas pouco letradas; mas custa-me a aceitar que de um serviço público – Câmara Municipal de Braga – saia tamanha patacoada, e logo num cartaz publicamente exposto; o que levanta a questão: distração ou ignorância do autor? Seja como for, e devendo sempre vir o bom exemplo de cima, é de reprovar este mau exemplo que de cima veio; e a merecer a sugestão: como à mulher de César não basta ser honesta, mas deve parecê-lo, também ao relator deste público cartaz não bastaria ser letrado, mas tinha igualmente de parecê-lo. APANHADO 2 – Aplaudo a iniciativa municipal da criação de espaços próprios – zonas azuis – junto aos estabelecimentos de ensino da cidade para que se possam recolher e entregar com segurança e tranquilidade os filhos e educandos; e, então, a placa que autoriza a paragem, apenas por um minuto, para efetuar a operação, tendo a regulá-la o KISS & GO, é mesmo um golpe de genialidade. Obviamente que já era de evidente necessidade e urgência uma postura municipal com o objetivo de disciplinar o trânsito junto às escolas, mormente naquelas em que o caos rodoviário, nos momentos de entrega e recolha de alunos de que eram exemplos maiores a Creche e o Colégio D. Diogo de Sousa; porém, com esta medida, embora não solucionando o problema na totalidade, melhorou-o consideravelmente. Mas, então, que falta fazer ou corrigir para o melhorar ainda mais? Por exemplo, na rua do Raio, o corredor azul é insuficiente para o volume de veículos que dele se servem, causando congestionamentos frequentes; ademais, o trânsito normal que por ali tem de circular encostado ao corredor azul sofre de enervante obstipação; e, aquando dos momentos de recolha e entrega das crianças que acontece à mesma hora, agravada é, ainda, pela saída e entrada no parque de estacionamento do Rechicho. Igualmente a criação do corredor para os TUB (Transportes Urbanos de Braga), desde o início da rua até à sua finalização, dado o volume não muito significativo de BUS que dele se servem, não veio simplificar mas ajudar à complicação do trânsito no local; por isso, sendo este um caso singular, mas de complexa utilização, merece uma atenção e medidas especiais de quem de direito a exigir resolução igualmente específica. Pois bem, voltemos à utilização dos corredores azuis; e para concluirmos que onde existem berçários, infantários e pré-primárias esta utilização é impensável como está, porque impossível de cumprir; só quem não tem experiência de vida com bebés e crianças de infantário e pré-primária, pura e simplesmente, ignora o tempo que leva a sua entrega e recolha nos estabelecimentos de cuidados maternos e de ensino; e, assim, o KISS & GO nestas circunstâncias de genial passou a banal, porque não funciona e exige mesmo tratamento alargado, como, por exemplo, a sua substituição por KISS & NOTGO. Também nos estabelecimentos de gente graúda, alunos de outros graus de ensino, o KISS & GO nem sempre funciona como devia ou porque o aluno se arrasta na entrega e recolha ou porque esta operação é feita antes do tempo e, como tal, muito relaxadamente; e até, já observei um casal de namoradinhos, sendo ela a pendura e ele o motorista, a demorar-se por largos minutos no KISS & GO, transformando-o num KISS & KISS & KISS sem GO; e isto para não pensarmos que o livro de recordes mundiais já regista muitas horas de KISS continuado. Também o corredor azul é aproveitado por muito boa gentinha, para não dizer gentalha, automobilizada para nele largar o besouro de lata e dar uma escapadela ao café mais próximo ou à loja da esquina; e, de tal modo que o minuto regulador da paragem no dito corredor se transforma facilmente em largos minutos, senão por uma manhã ou tarde, prejudicando quem direito tem à sua utilização; ora, estes automobilistas ou não pescam patavina de inglês ou adaptaram o KISS & GO ao seu jeito. Por isso, nestas circunstâncias o que se torna necessário e urgente por parte das autoridades competentes é uma fiscalização constante e musculada que permita o cumprimento da postura municipal; porque doutro modo o que necessário e urgente se torna é a substituição do KISS & GO por NOT KISS & NOT GO; ou mais vernaculamente na nossa querida e sonora Língua USE E NÃO ABUSE que é como quem diz em Roma sê romano. Então, até de hoje a oito
Autor: Dinis Salgado
DM

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9 janeiro 2019