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Ao neto Rogério Oliveira

Fiquei maravilhosamente surpreendido com o texto ema homenagem ao o teu avô prof.Albino, no centenário do seu nascimento. Despertaste em mim sentimentos adormecidos no tempo, esse manganão que tudo desfaz e alisa, e trouxeste à evocação o perfil do meu prezado amigo, prof. Albino. Não quero repetir o que dele disse aquando da sua morte; repudio os sinos que badalam sempre no mesmo tom, mesmo quando as coisas são diferentes. E hoje a minha mágoa é diferente porque de negra passou a diáfana e, nesta translucidez, evoca a figura ímpar de teu avô: ereto como um roble e nobre de caráter como um antanho. Evoco a cada passo o teu avô naquela cicatriz que ficou da nossa convivência e , para te ser sincero, pela primeira vez na vida, invejo-o. Invejo-o porque um neto o imortalizou na evocação da sua memória, retiraste-o da perenidade da vida para a imortalidade da evocação. Não te conheço pessoalmente mas fico-te a reconhecer no caráter que de teu avô herdaste. Por isso estou à vontade para falar do teu gesto: foi nobre e foi mais que uma lembrança, foi uma evocação. Para lembrar basta ter memória, para evocar é preciso ter amado. Ao ler o teu texto pareceu-me estar a ouvir o teu avô dizer-me: continuo vivo “porque neles vivo”. Só morre verdadeiramente quem fica esquecido. Meu caro Branco da Paz, - pseudónimo que o prof. Albino usou como escritor -, quem deixa um rasto de saudade como o que deixou, não precisa de mais nada para ser grande. Aproveito este espaço para dizer que o prof. Albino nunca esteve só na vida: tinha como companheiros os seus pensamentos e como companheira a sua mulher, a Dona “Mimi”, como ele a chamou até à hora da passagem.
Autor: Paulo Fafe
DM

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6 fevereiro 2023