1.Quem acompanha minimamente a informação sobre a Igreja tenderá a ficar com uma visão parcial e uma impressão negativa.
À primeira vista, parece que a Igreja são apenas os bispos e os padres, aos quais pouco de positivo é reconhecido e creditado.
2. Não há dúvida de que há muitos factos que nos devem fazer pensar e penar. E de que há atitudes de alguns que nos fazem encher de tristeza e corar de vergonha.
Mas a Igreja será principalmente «isso»? A Igreja serão apenas «esses»?
3. Estribados – talvez –na máxima de que «a boa notícia não é notícia», esquecemos que há padres e bispos (juntamente com muitos consagrados e leigos) com uma vida irrepreensível.
E que são capazes de se doar – até ao último instante – pelo seu semelhante.
4. Porque é que teimamos em ignorá-los ou, pelo menos, em subestimar a sua dedicação?
Na Igreja não se entra unicamente pelo sacramento da Ordem e pela consagração religiosa. Na Igreja, entra-se pelo Baptismo. Quem valoriza a infindável obra de bem-fazer de tantos baptizados?
5. Mas o que mais dói é andarem a «tirar» Cristo da Igreja e a «tirar» a Igreja de Cristo.
Fala-se da Igreja como uma espécie de organização, composta por figuras pouco recomendáveis e a quem se vaticina um fim não muito distante.
6. Neste tempo de «pantologia» arfante, abundam «tudólogos» que nem se dão ao trabalho de ir à procura do «que é» a Igreja ou, melhor, de «quem é» a Igreja.
É claro que a Igreja também somos nós, pecadores. Mas importa lembrar que a Igreja é – antes de mais –Jesus Cristo, que é santo.
7. Sim. Nunca é demais lembrar que a Igreja é o novo Corpo de Cristo. Ou, se preferirmos, é Cristo no Seu novo corpo.
Daí que a Igreja seja santa na sua cabeça e pecadora nos seus membros.
8. Perguntar-se-á como é que o Corpo de Cristo pode estar «forrado» com um «tecido tão grosseiro».
Sucede que nem o pecado dos seus membros impede que a cabeça faça derramar a sua santidade.
9. É por isso que a Igreja é, segundo J. Möller, a «encarnação permanente», o Cristo prolongado, comunicado e difundido.
Enquanto «totalidade vivente» (R. Guardini), a Igreja é «a concretude de Cristo» (K. Rahner), é «o corpo terrestre de Cristo» (O. Culmann); é Cristo nos cristãos e, pelos cristãos, no mundo.
10. Não «tiremos» Cristo da Igreja. Sem Cristo, subsistirá a Igreja?
Nunca esqueçamos isto: nada há mais belo do que viver em Cristo!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
Andam a «tirar» Cristo da Igreja!
DM
23 julho 2019