Na minha opinião, a Religião e os Evangelhos têm de estar, imperativamente, integrados, conectados e solidários entre si, segundo a língua exigente da intelectualidade transcendental. Tal se exige para que toda a humanidade, livre de fronteiras, caminhe, durante o evolutivo percurso da sua vida existencial, pela verdadeira, objetiva e dura via do humanismo. Tal via está apta a superar conflitos, interesses, necessidades, desejos, aspirações e motivações subjetivas e individuais ou de grupos. Esta é a via, embora pedregosa, da solidariedade.
Onde se esconde e aloja esta energia transcendental? Segundo creio, aloja-se no Uno e nas suas relações, idênticas à nossa autêntica identidade, que superam todas as circunstâncias e condicionalismos temporais, através das incontidas forças da sua autonomia, liberdade e responsabilidade, que emana da nossa real, objetiva e ôntica natureza.
Para que o abraço solidário entre a Religião e os Evangelhos de Cristo seja eficiente, é necessário que, entre estes dois fatores, o exercício da intercooperação e colaboração seja transcendental. Tudo tem de ser congruente com a transcendentalidade da nossa energia ôntica, que exige, perentoriamente, a abertura, a aceitação e o diálogo com a real transcendência do Ser de Deus.
O nosso ôntico ser, na sua transcendentalidade, é uno e relacional. Como uno, supera todas as fragmentações, roturas, desvios, isolamentos e totalitarismos. Como relacional, exige, sem discussões, o relacionamento com todas as criaturas (sem exceção) e com o Ser Divino.
A nossa analógica semelhança com Deus reverbera-se nas relações humanísticas do Bem Transcendental e na transcendentalidade (do amor, da compaixão, da misericórdia, do perdão, da verdade, da justiça…) através dos relacionamentos temporais com todos os seres, controlados e geridos pela inteligência emocional da pessoa.
Saem pressurosos, ao caminho, como companheiros progressivamente evoluídos da solidariedade, e inerentes ao real, ôntico e humano ser, a Religião e os Evangelhos cristãos que trazem, nas escaldantes palmas das mãos, a união, integração, conexão, cooperação, não só entre as pessoas e as forças sobrenaturais mas também entre as íntimas estruturas bio psíquicas, nas suas forças dinâmicas saídas do meio ambiente, quer externo quer interno (sistema nervoso, estruturas afetivas, emocionais, cognitivas, motivacionais…).
Concretamente falando, a minha intenção, neste momento, com base no artigo “A Religião estabelecida não suportou o Evangelho” (Diário do Minho, 22/7/17), cujo autor é José Maria Castillo, padre jesuíta, escritor e teólogo, é conectar-me com a sua brilhante e extraordinária maneira de ver e de sentir e com ele integrar-me, cooperar e colaborar em ordem ao verdadeiro sentido da vida existencial e transcendental, abertas ao Transcendente Ser Divino.
Autor: Benjamim Araújo
Ajustamentos n.º 288 - O abraço solidário entre a Religião e os Evangelhos Cristãos

DM
29 novembro 2017