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Ajustamentos n.º 286: Dois acontecimentos na Península Ibérica

Na faísca luminosa e no estrondoso trovão, que incendiou e devorou, apaixonadamente, as prometedoras economias, saídas das verdes matas e no sopro dos impiedosos ventos, que controlou e liderou o rumo cavalgante das estonteantes chamas, nas malvadas e indisciplinadas mãos que os atearam, vou simbolizar as tragédias desoladoras e os assombros, embebidos de gritos e amassados de terrores, por parte dos habitantes dessas povoações, bem como a fraca visão de alguém que quer desmantelar a unidade da vizinha e irmã querida nação espanhola.

O mundo consciente está atento, vigilante e apreensivo, aguardando a solução destes graves problemas, quer no nosso país quer na vizinha Espanha. Mas nestes dois acontecimentos, em que a mão humana está envolvida, o que mais pretendo simbolizar é a má consciência moral, esfrangalhada e enevoada, pelos interesses e motivações que o mundo manifesta a seu respeito, em ordem ao seu autêntico e profundo ser ôntico. O mundo ainda não captou bem a sua essência, nem quer abrir os ouvidos aos seus inatos e imanentes imperativos e propriedades, para o bem da democracia.

O verdadeiro, radical e profundo ser, o ser da nossa ôntica natureza, é falsamente apreendido e trabalhado, isoladamente, por alguns, em dois níveis: o do conhecimento (sensorial e racional) e o do amor, o afeto, o carinho (o coração). Tais níveis, embora unidos e interrelacionados, não esclarecem, cabalmente, o que o ôntico ser é na sua majestosa grandeza. Agridem, com punhaladas, o ventre do ôntico ser e as suas propriedades: a transcendentalidade, a unicidade, a relação, autonomia, liberdade e responsabilidade. As pessoas, nestes níveis, estão-se nas tintas, especificamente, quanto à propriedade da autonomia de que goza o ôntico ser, que em liberdade supera todas as circunstâncias e condicionalismos. Supera todas as estruturas bio psíquicas do conhecimento, do sentimento e dos comportamentos. Supera todas as emoções e motivações e todos os estados existenciais da pessoa, agradáveis ou desagradáveis. Supera, em liberdade, as Constituições e leis, culturas, costumes, religiões e as grandes motivações dos prepotentes.

O ser, aqui focado, é o ôntico ser humano na sua plenitude, ignorado ou mal visto por todos os poderes existenciais, cultivadores de ídolos. É o ser existencial, na sua união, conexão e congruência com a transcendentalidade do ser, que faz a sua festa e banquete em Deus.

Pretender separar e isolar a província da Catalunha da unidade de que faz parte, é dar uma punhalada no uno do ôntico ser humano; fazer devorar pelas chamas as verdes matas, algumas seculares até, e destruir vidas, casas e bens, é dar uma punhalada na relação do ôntico ser humano.

O ôntico ser humano, exige, por dever imperativo, a pedido da sua unicidade, que tais acontecimentos não se possam repetir.


Autor: Benjamim Araújo
DM

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15 novembro 2017