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A saúde – tal como a verdade – está na totalidade. É por isso que, quando nos dói a cabeça, não dizemos que a nossa cabeça está doente; dizemos simplesmente que estamos doentes.
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Até São Paulo notou que, «quando um membro [do corpo] sofre, todos os membros sofrem com ele» (1Cor 12, 26). O problema é que nem sempre extraímos a devida ilação desta percepção. Achamos que tudo se resume ao corpo e à mente. E o espírito?
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O certo é que cuidamos da nossa saúde física e preocupamo-nos com a nossa saúde mental. Em contrapartida, é praticamente nula a atenção que dispensamos à nossa saúde espiritual.
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Daí que, ao contrário do que sucede com a nossa saúde física e com a nossa saúde mental, o investimento na nossa saúde espiritual seja cada vez menor.Há já muitos anos, Danah Zohar e Ian Marsall, da Escola de Oxford, garantiram que «o QEs [quociente espiritual] da sociedade moderna é reduzido».
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Acontece que, à semelhança do que ocorre com as doenças psíquicas, temos uma grande dificuldade em nos apercebermos da nossa enfermidade espiritual. Isto significa que, muitas vezes, estamos espiritualmente enfermos, mas não damos conta. Como curar o doente que não se apercebe da doença?
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É um facto que, tal como sucede com o clima, também a nossa vida parece ser uma sequência interminável de «tempestades». Quando recuperamos dos estragos provocados por uma «intempérie», eis que – acto contínuo –se desencadeiam novos «vendavais».
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Deslumbrados com o que ganhamos na técnica, não reparamos no que vamos perdendo com o progresso. Habituados a correr, já nem nas férias somos capazes de parar. E é assim que, em vez de acumular descanso, vamos acumulando quilómetros.
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Encontrar um lugar de paragem não nos faria melhor do que coleccionar tantos locais de passagem? Resultado. Andamos por fora quase sempre e sentimo-nos cada vez menos dentro de quase tudo. Não será altura de parar?
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Se não for mais, comece por arranjar 15 minutos por dia. Imagino que me responderá que não consegue. E é verdade que há muito para fazer, mesmo em tempo de férias.
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Mas pense nisto. Em cada dia, ao longo de 24 horas, dispõe de 1440 minutos. Retire apenas 15 minutos. Afinal, ainda fica com 1425 minutos para muita coisa. Não são 15 minutos de meditação que vão perturbar a sua acção. Pelo contrário, até podem ajudar a transformar a sua vida. Experimente. E – se puder – boas férias!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira