A sociedade retomou o seu ritmo quase normal. Nota-se uma certa agitação nas ruas naquele vai-e-vem que às vezes é destino outras vezes apenas gozo de liberdade. E sorvem os momentos de descanso num relaxamento de ânimo que dá a impressão que a pandemia foi história ou histórias contadas. Tenho medo a este relaxamento porque começam a surgir descuidos que nos podem levar novamente a outros confinamentos. E se custa estar preso ou privado da saída voluntária, muito mais há de custar voltar a ficar preso entre quatro paredes e a olhar estupidamente para os programas da televisão que, por falta de qualidade, mais parecem um castigo do que uma diversão. Braga tem estado à altura desta pandemia, nunca esteve na linha da frente dos agravamentos, mas vou notando que um ou outro já não traz máscara e as distâncias sociais nas esplanadas é doutrina para pregar mas não é doutrina para cumprir. Seria muito triste por causa de uns prazeres momentâneos tivéssemos de voltar a fechar as nossas portas sobre nós mesmos e que este fecho de portas tivesse sido causado não pelos cumpridores mas pelos incumpridores. Deveríamos ter autoridade para lhes dizer, tu és o culpado da minha confinação, tu és o culpado de eu vender ao postigo, tu és o culpado de eu fechar portas, de ter trabalho eletrónico, de não ganhar um cêntimo como barbeiro, cabeleireiro, etc. etc. Outros, e são muitos, andam com a máscara na mão como adorno, aqueloutros com o nariz a descoberto e ainda há os terceiros que nem na barbela, nem no braço; simplesmente desafiam com o olhar para os cumpridores como se lhes estivessem a passar um atestado de menoridade. Dizem que há multas para estes senhores, mas a verdade é que não se vê um agente da autoridade em lado nenhum. Parece que temos agentes a mais nas esquadras e vigilância a menos nas ruas. Há tempos, fui a uma esquadra e eram tantos os gabinetes burocráticos e todos eles ocupados por agentes, uns graduados, outros sem serem graduados, que eu já não sabia se estava numa secretaria de uma direção-geral, se estava numa esquadra. Talvez sejam precisos mas, como sempre, não posso furtar-me ao sortilégio de avançar não apenas com a critica mas com uma solução. Ela aí vai: não seria possível libertar os agentes dos trabalhos burocráticos e substitui-los por funcionários públicos que às vezes estão a mais em serviços de pouca ou fraca produtividade? Não sei porque não! Conheci uma funcionária pública que era chefe de secretaria numa unidade do Alfeite. Estes agentes destacados nos serviços burocráticos poderiam muito bem estar cá fora a fazer ronda e veríamos como os absentistas das máscaras reduziam de número num instante. De igual maneira os agentes destacados nas cantinas, e ou noutros serviços similares. Fazem falta cá fora porque ainda nada acabou. Gostem ou não a verdade é esta.
DESTAQUE
Não seria possível libertar os agentes dos trabalhos burocráticos e substitui-los por funcionários públicos que às vezes estão a mais em serviços de pouca ou fraca produtividade?
Autor: Paulo Fafe