1. O Natal está quase a chegar e o que mais se sente é muita agitação no ar.
Uns pelos outros passamos a correr; de tal modo que mal temos tempo para nos ver.
2. Até parece que uns dos outros andamos a fugir. Se repararmos, há pouca gente (verdadeiramente) a sorrir.
É claro que, nesta época, soltam-se muitos risos de circunstância. Eles abundam nas festas que atraem sobretudo a terceira idade e a infância.
3. Mas são risos que depressa se extinguem. O ar entre as pessoas continua pesado.
Há risos que escondem muita dor e tristeza. Há risos que saem dos lábios, mas não vêm da alma que vai coleccionando penas, desilusões e amarguras.
4. Há quem, nesta altura, sorria «porque tem de ser». Mas, quando tudo passa, são poucos os sorrisos que conseguimos sorver.
Além do ar pesado, o nosso andamento mantém-se apressado. Tudo queremos comprar até o orçamento se esgotar.
5. Agora, que pouco falta para o Natal, estugamos ainda mais os nossos passos pelo mundo comercial. Vamos correndo cá por fora, para as compras de última hora.
Há uma grande excitação que faz palpitar cada vez mais o nosso coração. Mas nem quando os projectos estão feitos nos mostramos satisfeitos.
6. Até nas conversas da noite de Natal, só falamos do que está mal.
Lá vamos esboçando um sorriso quando uma prenda nos vem. Mas logo o sorriso se fecha. Nem nessa noite estamos bem.
7. Curiosamente, o Novo Testamento nunca diz que Jesus tenha rido ou sorrido.
Talvez porque a Sua vontade é que o Seu sorriso se acenda em nós.
8. Deste modo, ao preparar a festa do Seu nascimento, procure sorrir, mesmo com lágrimas a cair. Não se trata de hipocrisia, mas do melhor presente que podemos dar em cada dia.
Neste mundo, nada será tão preciso como a dádiva de um sorriso. E quanto mais esse sorriso lhe custar, é possível que tanto mais seja necessário que o possa doar.
9. Nesta quadra santa de Natal, ofereça um sorriso mesmo que se sinta mal.
Sorria a partir da alma. Sorria a partir do mais fundo do seu coração. Se neste tempo não puder oferecer mais nada, não deixe de oferecer um sorriso. Quem não precisa de um sorriso?
10. Sorriso de Belém — que estás tão perto, à nossa beira — sorri para nós a vida inteira.
Sorriso de Belém, de uma beleza sem igual, faz com que todos tenham um santo e (muito) feliz Natal!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira