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AI DE MIM SE ME ESQUECER DE TI, Ó MINHA PÁTRIA!

Até quando, ó minha Pátria, temos que esperar pela tua liberdade? Porque só é permitido ao sol brilhar no Sul e no Centro desta Pátria gloriosa, quando todo o Povo se encontra unido, desde Rovuma até ao Maputo, que segundo o nosso Hino Nacional, “colhe os frutos do combate pela paz, que cresce o sonho ondulando na bandeira, vai lavrando na certeza do amanhã?” Quem se lembra de ti é mal visto, maltratado e morto pela lâmina fria da espada. Até quando te verei ensanguentada? É o copioso lamento de um filho sensível que ama a sua Pátria e sente por ela e com ela uma tremenda dor. Uma Pátria gloriosa, assim diz o refrão do seu melodioso hino, amada diplomaticamente, mas, contudo, desonrada pelos próprios filhos. Que maldição infinita mereces, pátria inocente? Cabo Delgado é um pedaço de ti, Pátria, mas sente-se despatriado pelo ódio de um grupo tirano que aqui germinou. Chorei, chorei muito e, hoje, o meu pão serviu-se acompanhado de lágrimas e súplicas: Quem te salvará desta agonia? Existirá alguém que te possa resgatar desse sofrimento? Nenhum daqueles que me acompanham e se riem comigo é capaz de avaliar o peso do meu sofrimento. Só parecem compreender este terrível sofrimento aqueles que estão do outro lado do mar Mediterrâneo, do Oceano Índico, Atlântico ou Pacífico, que apenas acompanham esta dor pela televisão e pela imprensa. E que acabam por ficar mais sensibilizados com esta situação do que aqueles que dizem governar pátria, mas que apenas a exploram e se servem dela. Tenho refletido muito, tenho-me questionado repetidamente sobre a verdadeira génese deste ódio, e chego sempre à mesma conclusão: o ódio nasceu e germinou no seio dos que iludem o povo, dizendo, enganosamente, que velam pela pátria. E, por vários motivos, a minha inquietude permanece e agudiza-se. Primeiro, porque sei que, quando começam as eleições, os candidatos parecem lembrar-se de Cabo Delgado e, sem vergonha nem dignidade, enganam o povo, prometendo a paz, a harmonia e o desenvolvimento. Mas, logo depois, Cabo Delgado desvanece-se das suas memórias. Segundo, porque a história da libertação nacional começou lá, facto que, injustamente, apenas se tornou lendário. O povo da província de Cabo Delgado era pobre, mas infinitamente rico em alegria. Hoje continua pobre, e a sua alegria transformou-se num copioso pranto de lágrimas sentidas e eternas. Toda a sua riqueza espiritual e material foi delapidada pelos insurgentes internos e externos.

Cabo Delgado, banhado pelo Oceano Índico, oceano de águas cristalinas e azuis que agora mudaram de cor, tornando-se vermelhas do sangue de um povo inocente. O ódio e a inveja germinam no coração dos nativos, que agora descriminam o seu próprio povo, maltratando, humilhando, extorquindo e prendendo o seu próprio povo. Por tudo isto, sinto que a minha se tornou autoritária, sem paz, sem liberdade, oprimida por aqueles que estão no poder.


Autor:
DM

DM

2 julho 2021