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Em vez de pensarmos em nos envolver em guerras alheias). Guerras regionais como a da Ucrânia, que, se não tivermos todos juízo, se podem transformar em aniquiladoras guerras mundiais… Em vez disso, poderíamos, em Portugal, pensar em envolver, a sério, os nossos modestos Exército e Força Aérea no combate a esta pouca vergonha do crime organizado do Incendiarismo, que todos os anos vitima largas partes do nosso território. O inimigo do nosso País mora dentro de portas; e inclui, desde aqueles que conspiram e programam meticulosamente as campanhas do fogo-posto; àqueles que as mandam executar ou executam.
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Os fogos postos, verdadeira “marca de água” do Regime nascido em Abril de 1974). Não sou eu que digo, mas já é a própria História. Antes da 1.ª fábrica de pasta de papel ter sido estabelecida em Cacia (Aveiro) ainda no tempo de Marcelo Caetano, quase não havia fogos florestais dignos de registo. Com a perda, em 1975, das rendosas colónias (especialmente Angola, com o seu petróleo, café e diamantes), a Economia nacional teve de se virar para fontes alternativas de rendimento, como o crescente turismo e as remessas dos emigrantes. Algumas porém, eram bem mais sujas. Foi precisamente o caso da pasta de papel e plásticos; o que gradualmente “exigiria” que tivessem de ser plantados (em quantidades verdadeiramente “industriais”) imensos eucaliptais. De preferência nos locais onde já houvesse floresta e matos euro-mediterrânicos, os quais protegiam a Biodiversidade botânica e animal (como sempre foi, desde o início dos tempos…). A solução encontrada foi a de, todos os anos, arranjar maneira de deitar fogo a uma boa parte dessa floresta autóctone, de pinheiros, sobreiros, carvalhos, castanheiros ou azinheiras. Essa campanha sigilosa foi (por mais de 3 décadas!) escondida em todos os “media”; ao ponto de a palavra “eucalipto” nunca sequer ser pronunciada na rádio ou TV (eram referidas como “árvores de crescimento rápido”). Depois dos fogos, os promotores vinham propor aos proprietários florestais (normalmente gente com pouco dinheiro e menor cultura), que a solução que dava menos prejuízo era a do eucalipto (que crescia ainda mais depressa que o pinheiro). E assim se eucaliptizou 60% da área florestal portuguesa.
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As desculpas do costume). Nos anos mais recentes, o Povo já tem andado “com os olhos mais abertos”. E já percebeu que, na maioria, se trata de fogo-posto (por nascer de madrugada e em lugares ermos, por haver reacendimentos suspeitos ou por se avistarem aeronaves que deixam cair artefactos que passado horas dão lugar a fogo, etc.). O actual PM, António Costa, é um dos 1.º políticos a reconhecer algo que antes era “tabu”: o facto de nada arder sem “mão humana”, seja ela criminosa ou grosseiramente negligente. Isto é já um grande progresso pois, durante décadas, a visão oficial (e dos “media”) era de que a causa dos fogos era aquilo que é acessório da sua ocorrência: o despovoamento, a falta de “limpeza” dos arbustos, a seca, as queimadas, as vagas de calor, as “beatas”, as faíscas das máquinas, as raras “trovoadas secas”, a falta de “aceiros” (faixas sem árvores) e… um ou outro “maluquinho pirómano”, que agiria “motu proprio”, sem que alguém lhe pagasse. Quando o que se constata era que, muitos dos incendiários eram jovens viciados (sem dinheiro para o vício) e que com grande manha escondiam os seus delitos. Os bêbados menos capazes e mais velhotes, é que se deixavam apanhar. De qualquer modo, uns e outros costumam ser devolvidos à liberdade ao fim de alguns dias…
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Marcelo, em 2017, conseguiu impor uma trégua nos fogos). No “annus terribilis” de 17 (com um “record” de 116 mortos!), o PR impôs ao minoritário PM dr. Costa, um “ultimato” para acabar com os fogos. E, com excepções (Monchique p. ex.) tal foi quase conseguido até 2022 . Costa lá terá ameaçado os “lobbies”; e colocou como M. A.I. o seu amigo algarvio Cabrita, que não se saiu muito mal. Recordo que o PR deverá ter, ele próprio, sido instado pela sua “eterna namorada” e antiga conselheira, dra. Rita Cabral, cujo pai nascera na sempre ameaçada Olivª do Hospital.
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Carrazeda, a “cereja no topo do bolo”, foi logo a 1.ª a arder). Como em todas as guerras, o elemento “surpresa” é essencial. E nesta “guerra contra o terrorismo incendiário”, em que o Exército e Aviação estão ausentes (e a pensar na Ucrânia), o inimigo atacou em 1.º lugar os fantásticos matos, sobreiros e fragas graníticas da Carrazeda de Ansiães (3.000 soberbos hectares queimados, i. e. , 3km por 10kms…); até cá abaixo ao Douro. O seu velho castelo (tal como o de Palmela) esteve ameaçado. Mas outras áreas foram (até 18 de Julho) duramente fustigadas: Alvaiázere, Pombal, Ourém, Leiria, Ansião, F. Castelo Rodrigo, Loulé, Caminha, P. da Barca, Olivª de Azeméis, Albergaria, Murça, Chaves, Fundão, Covilhã, Baião… Inédito, o aldeamento chique da Quinta do Lago foi atingido, incl. o famoso campo de golfe, suas palmeiras e pinheiros mansos.
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É discutível a primazia da Protecção Civil). Só se o “lobby” dos fogos-postos andar de tal modo em “roda livre” (após 5 anos de jejum) e estiver com uma fome tal que, como se tem visto, a destruição florestal que causa é já inelutável. E, como estamos “em guerra”, o básico já só seja tentar proteger as pessoas e as suas habitações (a ideia de “bombeiros do asfalto”).
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Parques eólicos e explorações de pedras). Eliminar florestas para favorecer a passagem de ventos. Ou destruir a nobre paisagem (na Carrazeda) para facilitar pedreiras. Eis aqui 2 novos objectivos do Incendiarismo.
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“Cabras sapadoras” e pastores-funcionários públicos). Estas propostas nada têm de ridículo e ajudariam imenso na limpeza de matos e prevenção de fogos.
Autor: Eduardo Tomás Alves