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Acossada por “incontinentes”

Só que longe de mim imaginar poder vir a detetar um outro tipo de “incapazes” em conterem as grandes lojas de consumo, de tipo supermercado, permitindo que se instalem cidade adentro. Nem mesmo aquele que preside aos destinos da nossa cidade de Braga. Tão jovem e na plenitude de uma vida saudável, pelo menos a julgar pelo que corre.

Falo, exatamente, daquelas que mais impacto têm causado na opinião dos lojistas bracarenses e na oposição. Uma loja junto à rotunda Santos da Cunha – já inaugurada e em funcionamento – e a outra, o pecado mortal, nos terrenos das Oficinas de S. José, à Rua 25 de Abril, em pleno coração da cidade. O que se constituirá numa enorme pedrada atirada sobre o já quase moribundo comércio tradicional a quem tanto Ricardo Rio, em campanha eleitoral, prometeu proteger. Perspetivando-se ainda mais algumas que irão causar mossa a quem vive do seu pequeno comércio e paga aos seus empregados, sob o silêncio cúmplice da ACB.

Será que o Presidente da CMB e a sua equipa não se reciclaram quando o bom senso aconselhava a instalação dos grandes comércios, armazéns, oficinas, etc., na periferia da cidade? Ou resolveram passar por cima do plano urbanístico, traçado para certos locais, onde nada disso se previa? É que, assim sendo, “acossada por “incontinentes” – da enxurrada –, a bimilenária cidade dos Arcebispos vai perdendo a graça e o encanto, do seu comércio de rua, em favor das catedrais dos passatempos domingueiros. Caindo por terra tudo quanto o atual Edil proclamava nas teses que defendia para gerir os destinos da Autarquia.

Ora, em vez de humanizar a cidade, revitalizando o seu casario degradado, proporcionando o regresso das pessoas, privilegia mais espaços de consumo como se não houvessem já que chegue. Para mais que está planeado, segundo os panfletos de propaganda da “AGERE” – anexados às faturas da água –, gastarem-se 4 milhões de euros na requalificação do Mercado Municipal de Braga.

Onde se prevê dar-lhe vitalidade, conforto, funcionalidade e atratividade, mas cuja política expansionista de mamarrachos comercias, na cidade, se constitui numa traição ao mesmo, dada a concorrência escandalosamente desproporcional, em poderio financeiro, dessas cadeias comerciais. 

Se os bracarenses esperavam melhor prova do que esta, a de promoção do grande capital distribuidor no miolo de Braga, em detrimento de espaços verdes ou de equipamentos nobres a condizerem com a sua traça, ela não pode ser mais evidente com esta “diarreia” de grandes superfícies. E depois porque se trata de artérias, já de si, com grande intensidade de tráfego que ficarão ainda mais sobrecarregadas. Pelo que ficamos a saber que a vontade de Rio mudar Braga se apagou, como se vão apagando muitas lojas comerciais por não beneficiarem da mesma cordialidade com que passou a brindar os grandes grupos económicos.

A propósito de espaços, li no JN que o “TAF” Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga se encontra em condições degradantes e a rebentar pelas costuras. À tutela foi sugerida, pela CMB, a sua instalação no antigo hospital de S. Marcos, propriedade da SCMB. Mas terão que ser rápidos, não vão os merceeiros, Belmiro, Jerónimo ou outros, adiantarem-se. E muita atenção a certos edifícios devolutos, como o do Tribunal, da Escola Comercial, ou da Fábrica Confiança, já para não falar do espaço da antiga sede do PCP.   

Não hajam dúvidas que este presidente tem uma maioria apta para festas e correrias. Daí, o ser bastante lestra a licenciar estes “negócios” na nossa Augusta cidade. Temendo-se que, com tão nefasta política, a deixe morrer juntamente com o pequeno comércio e os seus empregos.


Autor: Narciso Mendes
DM

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27 fevereiro 2017