As eleições legislativas deviam ter apenas a durabilidade de um ano, para proporcionar ao povo a festança de uma vida mais anímica, abastada, bolsos desafogados e milagrosamente endinheirados.
Não comparemos o governo de Pedro Passos Coelho, em plena engenharia de sacar dinheiro aos bolsos portugueses, com a actual governação a prometer o “paraíso” aos portugueses com a garantia de melhores condições económicas e repor, com justa causa, uma década nula na melhoria dos seus precários rendimentos e sistematicamente ofendidos por um regime sarcástico em perceber que o grosso da população já batia no fundo do poço, mais empobrecida, deprimente, agredida sem dó nem piedade nas suas obrigações tributárias, vitimada à invenção de taxas e taxinhas e desagregada da cidadania.
Mas o tempo do antecessor de António Costa já lá vai e não deixa saudades absolutamente nenhumas. Esperemos mesmo que fique de quarentena para a eternidade. Serviu quem se aproveitou disso. Teve a sua época marcada pelo impacto negativo na defesa dos interesses sociais da comunidade do país e deixou uma pesada herança política ao Partido Social Democrata.
O Orçamento de Estado para 2019, autêntica catadupa de promessas de reduzida visibilidade, mune-se por um marketing malabarista, subsistindo sempre a dúvida da credibilidade sobre as novas introduções simpáticas e aliadas ao gosto do eleitorado, faminto com toda a legitimidade que lhe assiste na estabilidade como parte integrante conjuntural e estrutural, essencialmente no tocante ao consumo de bens e serviços imprescindíveis ao equilíbrio macroeconómico.
É inegável a desconfiança do povo português, sempre com a “pulga atrás da orelha”, quanto às benesses dos políticos, na maioria das vezes em pleno incumprimento, e que, analisando bem as contas, acaba sempre por caminhos omissos e não especificamente “declarados”, pagando a “fatura” mais cara.
Quando se aproximam eleições legislativas, tal como nas autárquicas, os protagonistas prometem o “céu e a terra”, veemente apostados na felicidade do seu povo, jurando a pés juntos, que os erros e as injustiças, jamais serão repetidas. Finalmente, o País tem uma porta aberta para todos, sem excepção, que o tempo dos sacrifícios era “coisa” do passado e a solução está na continuidade de quem, até à data, tem dado provas de competência às necessidades básicas do bem-estar social e económica dos portugueses.
Este discurso “musical” já é ancestral. E se aproxima a data de qualquer evento eleitoral, mudam os figurinos com a preparação maquiavélica de promoção de uns rebuçados de mel com sabor a limão fora do prazo, isto é, com as legislativas previstas para Outubro de 2019, antecede-se magia utópica e perigosa da descoberta do truque cor-de-rosa, sabendo-se que há probabilidade do aumento de impostos, subida em flecha de bens de consumo de primeira necessidade e, à laia de conclusão, a imparável dívida pública atingindo valores preocupantes e descabidos, alheados por quem tem a responsabilidade acrescida da sua contenção e disciplina na despesa e na receita do Estado.
Autor: Albino Gonçalves