Foi este o tweet do Papa Francisco publicado no Vatican News relativamente ao Dia Internacional dos Idosos. “A vida é um dom e a longevidade é uma riqueza. A “riqueza dos anos” é riqueza das pessoas, riqueza de experiência e de história”.
Este ano o Dia Internacional da Pessoa Idosa promovido pelas Nações Unidas teve o lema: “Equidade Digital Para Todas as Idades”, dando ênfase à necessidade do acesso e participação significativa no mundo digital pelas pessoas idosas. Os relatórios recentes da União Internacional de Telecomunicações referem que as mulheres e os idosos sofrem de desigualdade digital mais do que outros grupos da sociedade, ou seja, não têm acesso ou não beneficiam das oportunidades que o processo tecnológico proporciona. Também surgem novos riscos tais como crimes cibernéticos e desinformação que ameaçam os direitos humanos, a privacidade e a segurança dos mais idosos. O Secretário-geral procura enfrentar esses desafios recomendando ações concretas no sentido de aproveitar o melhor das tecnologias e mitigar os seus riscos, promovendo toda uma série de objetivos dos quais destaco: “A importância da inclusão digital tendo em consideração as normas socioculturais e o direito à autonomia garantindo a privacidade e a segurança das pessoas no mundo digital. Tive oportunidade de assistir a um webinar celebrativo desta data sobre o tema deste ano do qual destaco entre muitos outros pontos abordados: “estamos num mundo que aumentou a nossa dependência das tecnologias”; “equidade digital para todas as idades; acesso universal às novas tecnologias”; “facilitar uma participação ativa em todos os campos da sociedade”; “a tecnologia tem de fazer parte da nossa vida”; “o que se passa se a pessoa não se sente à altura de aderir ou não tem confiança?”; “nem sempre há grupos disponíveis para pessoas pobres que vivem em zonas rurais e que não possuem ferramentas, que são vítimas da solidão e do isolamento”, “todas as pessoas têm direito à informação e precisam de estar integradas atendendo as suas especificidades e desigualdades”.
A maior parte dos idosos quer aprender a estar ligada com a família, os amigos, com os inúmeros serviços existentes. Observámos durante a pandemia a sua utilidade que permitiu a pessoas de todas as gerações confinadas manter os diferentes contactos. Não é de todo a mesma coisa mas constituiu uma enorme ajuda. Sou testemunha disso. Continuei a minha atividade mais limitada, sem o mesmo entusiasmo. Surgiram novas situações, novas aprendizagens que ajudavam a aproveitar o tempo, a manter a esperança. Refiro-me à leitura, à escrita, à ginástica, à culinária, às arrumações, às limpezas, enfim toda uma panóplia de situações para minimizar a solidão e o isolamento e a superar os momentos tão difíceis que vivenciámos.
Hoje, dia em que escrevo, dia 2 de Outubro, celebra-se o “Dia Pela Vida” instituído pelo Papa São João Paulo II para incentivar a Igreja no mundo inteiro a promover e celebrar a sacralidade da vida a fim de suscitar nas consciências, nas famílias, na Igreja e na sociedade civil o verdadeiro sentido e valor da vida humana em todas as suas fases e condições. O documento “Samaritanus bonus” da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre o cuidado das pessoas, nas fases críticas e terminais da vida, afirmou: “Jesus propôs a imagem do Bom Samaritano como exemplo de compaixão e de solidariedade com os mais vulneráveis e os que temem ser abandonados na fase terminal. Para promover uma cultura de vida, é preciso, antes de tudo, superar o medo de falar da morte. Neste sentido os cristãos são sustentados pela fé na ressurreição de Jesus e que a oração e a partilha da fé podem servir de grande ajuda”. A Conferência Episcopal Irlandesa recorda, e também, que “a pandemia Covid-19 trouxe à tona a fragilidade da vida e a realidade da morte”. A palavra compaixão significa sofrer com alguém. A compaixão-segundo os bispos irlandeses- é quase sempre apresentada para justificar o suicídio assistido o que reflete uma falência da compaixão por parte da sociedade… Uma coisa é deixar a vida seguir o seu curso natural sem o prolongar artificialmente com tratamentos penosos; outra é a participação ativa e deliberada no final da vida humana.
Termino este artigo já na companhia da minha neta com 10 anos que referiu: “Nunca desistas dos teus sonhos porque de um modo ou de outro, se acreditares, vão realizar-se”.
Autor: Maria Helena Paes