Analisando todas as acusações que pendem sobre presidentes e respetivas direções dos clubes/SAD’s, em Portugal, verificamos a existência de um denominador comum, que enquadra um maléfico “modus operandi“ que parece traduzir-se (costuma dizer-se que não há fumo sem fogo) na prática de diversos crimes (de corrupção) agora alvos de investigação, ou seja, é oportuno pensarmos que são muitos os que frequentaram a mesma “universidade” e terminaram o curso com notas altas.
Entre os crimes, há (1) suspeitas de pagamento de comissões sobrevalorizadas a empresários de futebol, revertendo parte desse dinheiro a favor de dirigentes, (2) contratos avultados de prestação de serviços e/ou fornecimento de materiais inexistentes, (3) obras e fornecimento de serviços efetuados por empresas pertencentes a membros das direções/funcionários dos clubes, (4) suspeitas de negócios simulados entre clubes de futebol, entre outros malabarismos. Enfim, uma panóplia de supostos crimes, muitos deles a poderem ser considerados casos de estudo, pelos piores motivos.
Não obstante tudo o que possa ser dito, isto aconteceu (tem acontecido), impunemente, dadas as relações de proximidade e exercício de influência de algumas figuras proeminentes da justiça, durante muitos anos, e que frequentavam as tribunas e mesmo as casas de diversos dirigentes do futebol. A grande questão que se coloca, e que nos deve fazer refletir, a todos, é a existência ou não de justiça nas muitas decisões judiciais que favoreceram esses dirigentes e os clubes/SAD’s que tão gravosamente têm sido prejudicadas.
Continuo a acreditar que a verdade superará toda a mentira e injustiça de que muitas pessoas foram alvo, sendo certo que os verdadeiros criminosos, mais cedo ou mais tarde, serão expostos e pagarão pelos crimes cometidos. É curioso verificar que a maioria das pessoas condena imediatamente os banqueiros, os políticos, os gestores públicos, na praça pública, e quando há qualquer indício de crime, pedindo (e muito bem) a sua demissão, mas, no tocante ao futebol, especialmente os seus clubes, o simples facto de a bola entrar na baliza do adversário já é motivo para conceder o benefício da dúvida aos dirigentes que são alvo de investigação e sobre os quais recaem todo o tipo de indícios.
Ninguém é insubstituível, e não se pode continuar a ser condescendente com pessoas que são alvo de acusações gravíssimas, que prejudicam seriamente as Instituições e defraudaram por completo a confiança que os sócios depositaram nelas, não se encontrando, na minha opinião, em condições de continuarem a gerir os destinos desses clubes.
Ninguém acredita que em Braga, Porto, Lisboa, Guimarães, Portimão, para citar vários exemplos, não existem pessoas credíveis e com capacidade para gerir e imprimir uma nova filosofia de gestão nas grandes Instituições que estas cidades possuem.
Autor: João Gomes