Chegou o Natal! Este ano em que celebramos o centenário do armistício vale a pena recordar um acontecimento insólito ocorrido no Natal de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial. Foi a chamada Trégua de Natal que ficou na história como um “Natal estranho” ou um momento simbólico de paz e de humanidade, comovente, no meio de uma guerra sangrenta.
Passado um século, não existe uma guerra de trincheiras, nem soldados inimigos que por um breve período de alguns dias fazem tréguas, confraternizam, oferecem presentes e entoam canções de Natal! A Trégua de Natal não voltou a repetir-se, a I Grande Guerra terminou, mas não poderemos dizer que nos anos seguintes tenha, em algum momento, existido uma paz verdadeira. O Papa Francisco alerta-nos para o que já parece uma “III Guerra Mundial aos pedaços”.
Neste Natal precisamos de uma “trégua”, um tempo de calma para pensar:ainda existe o espírito de Natal? Quem somos, o que queremos, como agimos?
Enrique Rojas, catedrático de Psiquiatria, no seu livro “o Homem Light”dá-nos uma visão assustadora do homem do final do séc. XX:“Trata-se de um homem relativamente bem informado, porém com escassa educação humana, entregue ao pragmatismo, por um lado, e a bastantes lugares comuns, por outro, um sujeito trivial, vão, fútil, que aceita tudo mas que carece de critérios sólidos na sua conduta... está à deriva, sem ideias claras, um homem superficial, indiferente, permissivo num grande vazio moral. O homem light éfrio, não crê em quase nada, as suas opiniões mudam rapidamente e vive afastado dos valores transcendentes.
Por isso se foi tornando cada vez mais vulnerável; por isso foi caindo, numa certa incapacidade de defesa. Deste modo é mais fácil manipulá-lo, Foram feitas demasiadas concessões sobre questões essenciais, já não apontam para a formação de um indivíduo mais humano, culto e espiritual, mas para a busca do prazer e do bem-estar a todo o custo, sem esquecer o dinheiro.”
Precisamos, urgentemente, empreender uma luta sem tréguas contra a vida lightmudando radicalmente ideologias e hábitos e esta é a direção que Rojas propõe: “Frente ao homem light, sem perspectivas, proponho o homem comprometido e com perspectivas ante o futuro.” E assim “o homem das décadas vindouras será profundo, moralmente forte e coerente na sua vida.Um homem que não se derruba com o passar dos anos, não se desvanece ante as mudanças e as modas.
Exercitará o espírito e a razão, o pensamento e uma cultura universal, culturaacima de pré-juízos e convencionalismos que a aprisionam em muitas direções.”
É Natal e precisamos, talvez agora mais do que nunca, voltar ao Presépio para reencontrar os valores cristãos e a verdadeira paz.
Autor: Rosa Ventura