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Não sou, propriamente um especialista do tema “Cristóvão Colombo”, mas…). Mas desde sempre, fui fascinado por crónicas de viagens e por História em geral. Acabei por comprar alguns dos melhores e mais recentes livros e guias, ilustrados e com mapas, acerca da história da exploração geográfica da Terra. Que é um planeta do qual, até há uns meros 150 a 200 anos atrás, todos sabíamos muito pouco (mesmo as pessoas cultas da Europa e de alguns outros poucos lugares civilizados por esse mundo fora). É certo que, desde o séc. XVI, o desenho de todos os continentes ficou a ser pela 1.ª vez conhecido (e grosseiramente cartografado). Porém, tudo foi muito mais lento e complexo (e fascinante…) no que diz respeito ao que havia no interior de todos esses continentes: rios, montanhas, desertos, povos, línguas, reinos, estados, tribos, florestas, animais, plantas, vulcões, cataratas, minas, formações geológicas invulgares…
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Noruegueses, portugueses, espanhóis, cartagineses, gregos, chineses, ingleses…). Na Antiguidade, parace que houve um cartaginês, Hanon (um libanês, no fundo…) que foi o 1.º a circumnavegar a África. Mas não houve continuidade. E foi um grego que descobriu o caminho marítimo para a Grã-Bretanha (Píteas). Cerca do ano 1000 d. C., Leif Erikson aporta às costas orientais do Canadá. No séc. XIV há, parece, uma grande armada chinesa, comandada por um eunuco, que explora a metade-norte da costa oriental de África. Desde o séc. XV em diante, são os portugueses (e depois, os espanhóis), a descobrir e contornar toda a costa de África e a chegar por mar à Índia (V. da Gama), China, Japão, Brasil e resto das Américas. O 1.º a dar a volta ao Mundo é o português Magalhães (o basco Elcano conclui a viagem); o 2.º foi o “pirata” e nacionalista inglês sir Francis Drake. O 1.º que visitou terra brasileira não foi Cabral; foi o espanhol Pinzón, que em 1499-1500 avistou o Pará, Ceará e Manharão. E ainda há Cook, Bering…
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Querendo chegar à Índia pelo ocidente, Colombo descobre as Américas). Em 1484, o rei português D. João II rejeitou a sua empresa. A custo, Colombo obtém a autorização (e os fundos) para ela, de Isabel a Católica, rainha de Castela. Faz 4 viagens, sofre intrigas múltiplas e acaba por morrer em Valhadolid (1506), sem a glória que mereceria. A sua origem familiar, genovesa, continua disputada; entre os que o imaginam “português”, até há a prof.ª M. Mendonça, que suspeita que seria alguém ligado à casa do duque de Viseu (morto por D. João II), o qual fugira para Sevilha. Columbus (no Ohio), a prov. da “Colúmbia Britânica” e a Colômbia, “herdaram” o seu nome. Inúmeros livros foram escritos sobre Colombo, cuja 1.ª esposa foi a italo-portuguesa Beatriz Perestello.
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Convido à leitura da tese de Marisa Azuara). Ela escreveu (2009) o livro “C. Colón, más grande que la leyenda”. Ao qual se seguiu notável documentário televisivo (com Eduardo Olivas) em que quase prova que seu nome era Cristóval de Sena Piccolomini (n. 1436), provavelmente no castelo de Sanluri, pertença da sua família, no centro da Sardenha. Era descendente do almirante D. Antonio de Sena e parente de 2 papas Piccolomini (Pio II e o Pio III, tio e sobrinho), ambos falecidos em cenários suspeitos (o 1.º, em Ancona, quando estava para partir em cruzada contra os turcos, que tinham conquistado Bizâncio em 1453). Escreveu seu filho Hernan, que Colombo “limou” o apelido de família (Piccolomini) no início e no fim, dando “Colón”. Era nobre (na Sardenha diz-se pessoa de “di generosità”); e o título de “don”, que os privilégios de Granada (1492) os reis Católicos lhe reconhecem, estende-se a filhos e irmãos. Colombo escreveu que era de Janua (Génova) e de “Terra Rubra”. Ora na Sardenha havia 3 senhorios genoveses (Doria, a norte; Oristano, a oeste; e Terra Rubra, a leste). Recorde-se, à parte, que o famoso clube Sampdoria (Génova) quer dizer “S. Pedro-Doria”. Em 1518, na Jamaica, foi fundada a vila de Oristan. Colombo terá estudado Humanidades e Geografia, em Siena, aprendendo com Nicolau de Cuza (amigo de Pio II) e Toscanelli. Aí adquiriu também o espírito da “Cruzada Universal”, pregado por Pio II.
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A razão porque mudou o nome). A Sardenha passara à posse dos reis espanhóis de Aragão. Após certa “provocação” em 1477, os locais revoltam-se contra Aragão. Os chefes são D. João de Sena e D. Leonardo de Alagón (este, irmão da mãe de Colombo). Foram derrotados; e quando mais tarde Colombo vem a Espanha e Portugal, opta por esconder a origem, “limar” o apelido (cf. supra) e apenas negociar futuros títulos e benefícios com a rainha, a grande Isabel “a Católica”, de Castela (e evitando seu marido, Fernando de Aragão). É que os reis de Aragão passaram a usar os títulos de “marqueses de Orestan” (etc.), no futuro também lesados pelos reis de Espanha, Sardenha, Saboia e Itália. As 5 âncoras do brasão de Colombo ficaram invertidas (“lambel de infâmia”); só décadas mais tarde foram repostas.
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Colombo baptiza a 1.ª ilha que descobriu com o nome de seu pai). Aportou (1492) em Guanahani, nas Bahamas povoadas por Arauaques e deu-lhe o nome de San Salvador. Por ser filho de Salvador de Sena Piccolomini e de Isabel Alagón de Arborea. Daí que fundasse um povoado noutra ilha com o nome de Isabela (também o nome da rainha).
Autor: Eduardo Tomás Alves