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A supremacia dos “espertos” em relação aos inteligentes honestos

O homem tem que viver em sociedade, como o exige a sua natureza. No entanto, a convivência entre todos deve ser harmoniosa, pacífica e justa. Por isso, não pode haver qualquer tipo de exploração do nosso semelhante. As relações humanas têm que ser plácidas, tranquilas e respeitadoras dos direitos e dos bens alheios. A vida social dos seres humanos implica um contubérnio saudável entre todos os homens e entre todos os povos. Mas, infelizmente, uma grande maioria das pessoas passa a vida a tentar enganar o próximo por vários processos, o mais habilidosamente que poderem. Os “espertos” vivem sempre apoiados ou à custa dos ingénuos e daqueles que, devido à sua situação social inferior ou de dependência, são facilmente explorados. Isto não acontece só em certas épocas históricas, mas, pelo contrário, sempre assim foi ao longo dos séculos, embora em proporções diferentes. Desta situação são testemunho os relatos da História da Humanidade. Também as próprias parábolas (e não só) dos Evangelhos o atestam cabalmente, visto que Jesus Cristo nunca deixou de condenar essas atitudes, quer de homens individuais, quer dos responsáveis, tanto religiosos como civis. Ai se Cristo vivesse no nosso tempo onde a corrupção e a desonestidade se generalizaram! Os desonestos são mais “espertos” que os corretos. Já os nossos avós diziam que “andam dois terços de pessoas a enganar o outro terço”. Quando algo corre mal ou acontece em desalinho com a ordem e a lei, os responsáveis sacodem a culpa para os outros. Quando corre bem ou é em benefício para o povo, o mérito é deles que não se fartam de se vangloriarem, mesmo sem nada ou quase nada terem feito para que tal acontecesse. Onde descansa uma grande parte do dinheiro dos donativos ofertados pelos portugueses para amenizar os prejuízos dos incêndios? Ultimamente, certos comediantes políticos manifestaram-se, sem qualquer rebuço, a propósito da insanável calamidade dos incêndios, dos jantares no Panteão Nacional e do surto da legionella. Ninguém foi responsável, mesmo aqueles que andam fortemente carregados e de costas distorcidas por causa das pesadas culpas que os atormentam. Até as desculpas voltaram a ficar novamente solteiras! Apenas o organizador do repasto no Panteão (que nada teve a ver com a autorização) pediu desculpas, porque é um estrangeiro! Saúda-se também a atitude do ministro da saúde em relação ao surto da legionella. “Os espertos” juntam-se e fazem conluio para tramar os outros. Tudo serve para “justificar” comportamentos desajustados e indignidades de todos os tipos e graus de gravidade. Mais uma vez a Bíblia nos adverte para evitar tais desmandos: “Mais vale ficar no vestíbulo da casa do Senhor do que viver na tenda (hoje, no palácio, palacetes e vivendas, muitas delas desonestamente obtidas!) do Rei ( ou melhor, dos poderosos)” - texto adaptado. A honestidade, a correção e a lisura comportamentais dos humildes e de todas as pessoas sérias são sempre superiores à corrupção dos numerosos desonestos. Neste mundo, em vez da convivência sadia, da entreajuda e da solidariedade, impera o ódio, a opressão, a conflitualidade, a inveja, a podridão moral e a exploração a todos níveis. Tudo isto contribui para agravar a situação degradante em que mergulharam as sociedades. Não são os haveres ou coisas materiais, nem os cargos que se ocupam, que mais interessam. O fator mais importante da vida está nas próprias pessoas. Devemos refletir que somos nós que erguemos as comunidades, mais ou menos organizadas, em que as relações entre as pessoas e as classes sociais são determinantes para o bem-estar comum.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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16 novembro 2017