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A sinceridade nas campanhas eleitorais

Quando menos o pensamos, nestes dias em que decorrem as ditas propagandas, em qualquer lugar que estejamos, somos massacrados por umas melodias e umas vozes sonoras, muitas vezes, pouco agradáveis ao ouvido, bastante roufenhas e arrepiantes. Ao acordar, ouvimos imediatamente uns altifalantes que vomitam música já estafada e ruidosa que convidam a população para votar no partido que eles proclamam, aliciando-a para convívios, cujo programa inclui comezainas, divertimentos e outros tipos de lazer. São tudo coisas para poder usufruir de momentos de alegria e prazer à mistura com promessas de futuros paraísos na vida de cada pessoa aderente. Tudo isto é feito com o objetivo principal de conseguir o poder, seja numa autarquia superior, seja numa mais inferior. As pessoas esquecem-se que a vida, nem sempre é feita de entretimentos e de facilidades, muito menos daquelas que caem do céu ou se encontram ao dobrar de uma esquina. De facto, para se singrar no decurso da nossa existência é necessário executar um trabalho contínuo, por vezes, árduo, ou seja, ter um desempenho digno e honesto de uma atividade profissional longa. Quando se semeiam promessas fáceis de obtenção de muitos benefícios imediatos, é de desconfiar. Ninguém dá o que não tem. Pode aqui fazer-se um paralelo com a aquisição de um enriquecimento muito célere. Ninguém enriquece abruptamente, a não ser por meio de uma herança volumosa. Caso contrário, a riqueza rápida só se consegue por processos desonestos. Uma boa parte dos políticos por esse mundo fora, durante o seu crescimento na infância e na adolescência, não desenvolveu as zonas cerebrais que comandam a competência, a dignidade, a solidariedade, a verticalidade, a integridade moral e a honradez. As suas fibras-de-mós ficaram atrofiadas e agora, em adultos, só contam os sentimentos e as ideias da ganância, da corrupção, da mentira e da falsidade. Para agravar tudo isto, essas pessoas não têm interesse em estudar a riqueza que a natureza humana possui e que deve ser harmoniosamente desenvolvida e potencializada. A natureza humana encerra todo um campo de atributos e capacidades, muitos deles ainda por sondar, de tal modo que a tarefa de construção do homem, na sua totalidade, é o projeto mais grandioso (embora difícil) que se pode conceber. O homem moderno tem, neste campo, tantas condições para aproveitar que, se o souber fazer, conseguirá a maior e mais proveitosa das descobertas até hoje concretizadas. No entanto, não é essa a grande preocupação da maioria das pessoas, para quem o grande móbil é a notoriedade fácil, a fama, a ganância ou a intenção de subir na vida à custa dos outros. Abundam por aí os ambiciosos desonestos, corruptos descarados, fazedores de corjas de compadrices, desavergonhados, incompetentes e arrogantes no desempenho das suas funções, nas quais ingressaram sem mérito, mas apenas pela cor política.

Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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28 setembro 2017