twitter

A recuperação económica e a quebra da unanimidade nacional

Portugal tem sido elogiado nalguma imprensa internacional como sendo dos países que têm agido mais corretamente face à pandemia provocado pelo vírus Sars-Cov-2 mas também pelo comportamento articulado entre os diferentes órgãos de soberania nacional

O Presidente da República forçou o Governo a impor atempadamente o Estado de Emergência e tem dialogado com os portugueses, o Primeiro Ministro encontrou o tom certo para falar ao país e sem politiquices, o principal líder da oposição tem tido uma atitude colaborante e quando discorda do governo, tem-no sempre feito pela positiva e atuado do ponto de vista do interesse nacional. A Iniciativa Liberal, o PCP e o Bloco de Esquerda têm tido uma atitude globalmente positiva em contraste com o Chega.

Os nossos números sobre a doença Covid-19 são até apontados por certa imprensa internacional como reflexo das boas medidas que tomamos atempadamente, com providência e aprendendo com o erro dos outros.

No entanto, entendo, que quando passarmos à recuperação económica do país, a harmonia existente será alterada.

De facto, temos partidos – como o Bloco de Esquerda e o PCP – que, apesar do fracasso económico e social ocorrido no SEC XX decorrente da ideologia comunista que professam, continuam a pautar o seu falido critério ideológico como o principal e quase único fundamento das medidas e opções políticas que defendem e exigem.

O PS, do ponto de vista estratégico, vai estar em apuros porque quis dar falsamente a ideia de que o combate à austeridade foi o grande desígnio dos seus últimos cerca 5 anos de governação. No entanto terá mesmo de governar no futuro em austeridade acrescida.

O PS quis dar falsa e hipocritamente a ideia ao país que a bancarrota que provocou, após 13 anos quase ininterruptos da sua governação anterior, bem como o memorandum que contratualizou com a troika, poderia ter dado origem a uma governação globalmente diferente à de Passos Coelho para acabar, em definitivo e em apenas 4 anos, com o plano de resgate a Portugal.

Desta vez o atual estado económico, financeiro e social não se deve diretamente à política socialista, no entanto a dívida pública a 18% do PIB, a ausência de reformas estruturais, a cativação das verbas dos diferentes orçamentos de estado, a continuada ineficiência do Estado português durante os governos de António Costa, vão acarretar dificuldades acrescidas ao povo português.

Passos Coelho só pode fazer as reformas que constavam do memorandum da troika. António Costa, em período de calmia, mas amarrado pela geringonça que criou, não fez nenhuma reforma necessária ao país e ficámos muito fragilizados face a esta ou a outra dificuldade grave que surgisse.

Embora o PS para salvar a face, venha dizer, para já, que não governará em austeridade, a recente quebra de verniz da geringonça é o sinal, ainda ténue, da forte luta política que se avizinha.

António Costa – e bem – tentará o apoio financeiro da Europa para a recuperação económica de Portugal, mas também se entende que os povos do Norte não estejam com a disponibilidade que o Primeiro Ministro pretende.

O povo da Europa mais desenvolvida e o povo que representam estão longe da Europa do pós-guerra. Não aceitem o facto de, após 30 ou 40 anos de finalizada a reconstrução europeia, serem sempre os mesmos países de mão estendida e serem sempre os mesmo países que têm de dar dinheiro. Se aprovam, sem hesitar, verbas avultadas para o combate ao vírus, não o farão com a mesma facilidade quanto ao resto.

O PSD deverá deixar a governação aos socialistas e a geringonça com as suas guerras. Deverá ficar na oposição e estabelecendo sempre muito bem a diferença das suas políticas. O PSD deverá tomar a dianteira e propor as políticas que considere mais oportunas, aprovar, sem complexos, todas as medidas de outros partidos que considere mais adequadas e não aprovar e contestar vivamente as políticas que considere negativas.

Voltaremos a este assunto brevemente.


Autor: Joaquim Barbosa
DM

DM

15 abril 2020