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A propósito do Sínodo acabado de terminar

A palavra “Sínodo”, (oriunda do grego synodeuein = caminhar juntos), é uma assembleia eclesiástica reunida para tratar de assuntos importantes para uma Igreja ou um grupo de Igrejas. O Papa, S. Paulo VI, no Motu próprio Apostólica sollicitudo, de 15/09/1965, baseado em diversas sugestões e também no voto dos Padres do Conc. VatIcano II, determinou a realização destas reuniões que podem agregar bispos de várias regiões, na maioria eleitos pelas Conferências Episcopais, a que se juntam peritos nas temáticas abordadas nos diversos sínodos. São assembleias consultivas, que ajudam o Romano Pontífice em assuntos de especial importância e oportunidade para o governo pastoral da Igreja. Desta vez, a matéria era a juventude, pelo que o Sínodo se debruçou sobre esta fase da vida humana, onde o futuro surge como um atractivo para quem a vive e, ao mesmo tempo, como um conjunto de interrogações que só a vida e a experiência pessoais de cada um poderão enfrentar e solucionar. Decerto que o jovem é dotado de uma receptividade muito ampla. Pelo que os bons estímulos e o exemplo de quem já superou esse degrau da nossa existência, revestem-se de um valor muitíssimo relevante. Talvez por isso, um bispo afirmou que as gerações mais antigas deviam pedir perdão aos mais novos, porque os enchem de coisas desnecessárias e os privam das importantes. Dando em parte razão a esta observação, diria que não devemos generalizar sem sentido crítico, porque poderão cometer-se muitas injustiças e dar uma ideia de que tudo está mal e é preciso recomeçar tudo de novo. Na vida da Igreja, assistimos, ainda há bem pouco tempo, à canonização de vários papas coevos, como João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, além de muitos cristãos, leigos e sacerdotes, o que significa que a boa semente que Cristo lançou com a sua Encarnação e a sua doutrina, continua vigente na Igreja por Ele fundada, quer entre os sucessores de Pedro, quer entre os outros cristãos. A santidade é a pedra de toque do sucesso eclesial. Muitos assuntos foram tratados, muitas pessoas – entre estas, jovens –, tiveram oportunidade de deixar as suas contribuições. Não falta, por isso, ao papa Francisco matéria para valorizar e concretizar o que este sínodo trouxe para a vida da Igreja e para a sua dedicação à juventude. Com uma clareza meridiana, o Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, fez uma declaração corajosa, observando que os jovens não merecem que se lhes dê uma perspectiva “aguada” da doutrina moral católica, incluindo o campo da sexualidade, porque não os atrairia. Pelo contrário, é necessário “propor generosamente o ideal cristão que corresponde à moral católica e não aguá-lo, escondendo a verdade para conquistar os jovens para o seio da igreja”. Pelo contrário, considerou, uma igreja esmaecida, dulcificada em matéria de exigência ética, não corresponde e subestima “o alto idealismo dos jovens”. Por isso, é uma ilusão desrespeitosa e “fecha a porta a um processo real de crescimento, maturidade e santidade” Os jovens dos nossos tempos continuam fiéis à sua fase etária: querem a verdade e enfrentam-na com êxito e coragem se não são adocicados com atitudes, no fundo proteccionistas, que lembram muito a actuação das “mães-galinhas” e dos “pais-perús”, protectores tão minuciosos dos filhos, que os deixam sem capacidade de enfrentar por si sós as adversidades e os muros mais inofensivos que o dia a dia levanta. Trataram-se temas muito sérios e muito oportunos. Alguns, como por exemplo, a evangelização através das redes sociais, o acompanhamento dos jovens por formadores que dêem testemunho credível da fé, enfim, a importância da castidade pré-matrimonial, o perigo das concepções populistas e radicalistas, etc. Há que não esquecer, porém, que cada jovem necessita de ter intimidade profunda com Cristo. Não basta conhecê-Lo como um “leader” excepcional e atractivo; é necessário assumi-Lo, através de uma vivência séria de todos os meios que a Igreja, por Ele fundada, põe à sua disposição. Sem esta formação personalizada, que habitualmente a família cristã transmite de um modo único e a frequência dos sacramentos reforça e solidifica, o jovem não será verdadeiramente cristão e fará de Cristo um ponto de referência interessante, fabuloso, mas não assumido e, muito menos, bem entendido.
Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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4 novembro 2018