Os sinos das igrejas da nossa cidade, no memorável dia 7 de julho, cantaram a felicidade, risos e contentamento de toda a nossa gente, devido à inscrição pela UNESCO do Santuário do Bom Jesus do Monte como Património Mundial.
De relevar também que o Bom Jesus, além de Património Mundial, também foi considerado como Paisagem Cultural pela UNESCO.
Cabe a todos nós – Arquidiocese de Braga, Confraria do Bom Jesus, Câmara Municipal e todas as instituições e cidadãos bracarenses – saber preservar e cuidar deste nosso Património único.
Estão de parabéns a Arquidiocese de Braga, a Confraria do Bom Jesus do Monte, a nossa Câmara Municipal, como bem salientou D. Jorge Ortiga, o Arcebispo Primaz, na manhã de 7 de julho.
Não podemos esquecer também todas as Mesas da Confraria que, desde 1998 até à data, tornaram este feito possível, uma vez que os trabalhos de requalificação da estância começaram nesse ano, embora a entrega da candidatura tenha sido efetuada em 2015.
Uma palavra especial também para os excelentes técnicos, funcionários e trabalhadores, membros da sociedade civil envolvidos que, com a sua força, determinação e competência, tornaram este objetivo possível.
É, no entanto, muito importante ter a consciência que esta distinção pode passar para a lista dos Bens em Perigo – e ser até retirada – se não forem permanentemente seguidas as recomendações da UNESCO que fará as suas avaliações daqui a alguns anos.
Vemos, também por isso, com muito satisfação, todo a preocupação para a continuação e aperfeiçoamento contínuo do nosso Santuário, destacando, entre outros:
– Os inerentes trabalhos de construção civil,
– As placas descritivas de monumentos ao longo do seu percurso.
– A prevenção de incêndios.
– O surgimento de guias turísticos com forte formação em turismo religioso.
– A promoção e programação de atividades culturais e turísticas, com a animação de espaços com atividades culturais permanentes.
– E por último, mas nunca em último, campanhas de proteção ambiental de maneira que cada visitante do nosso Bom Jesus, seja também um guarda atento na sua preservação.
De relevar a proteção ao Bom Jesus, da responsabilidade da Direção Geral do Património Cultural, acrescidos das medidas da responsabilidade do vereador Miguel Bandeira, com a definição da Zona Tampão, que foi integrada no Plano Diretor Municipal.
Esta última medida é valiosíssima para conter a pressão urbanística para proteção dos 26 hectares classificados como Património Mundial bem como os 232 hectares que constituem a sua zona de proteção.
Medida igualmente importante é a requalificação da magnifica via de acesso ao Bom Jesus do Monte, quase sempre em péssimo estado ambiental, adquirindo a Câmara Municipal as competências que ainda pertencem às Infraestruturas de Portugal.
Os critérios da UNESCO para a atribuição desta distinção bem como a sua continuidade no tempo, exigirão alterações importantes no Santuário que também condicionarão o seu público.
É o caso do previsto Plano de Qualificação de Visitas – orientado para a tipologia e para o aumento do público de visitantes – com impacto quer na zona do Pórtico, quer na zona da Mãe, que visará qualificar o acesso, a circulação e visitação do Santuário.
É o caso da articulação que terão de ter a Colunata de Eventos, a Casa das Estampas, o antigo quartel da GNR, ajustados ao futuro Centro Interpretativo.
É o caso da já decidida demolição da cafetaria, pelo impacto negativo que, segundo a UNESCO, acarreta ao conjunto monumental.
Importante é que todas estas necessárias alterações sejam feitas mantendo e equilibrando os critérios da UNESCO com o cunho popular do Bom Jesus, de modo a manter o usufruto e apoio das populações que teve desde o SEC. XIV até agora.
Esse equilíbrio será fundamental para a manutenção do Bom Jesus como o Santuário de todos nós e não apenas para viajados turistas eruditas, de elevado grau de cultura, mas excluido da sua indelével caraterística mistura de ancestral sabedoria popular com sentido religioso.
O reconhecimento do Santuário do Bom Jesus como Património da Humanidade e como Paisagem Cultural consagra todo o trabalho e adesão dos bracarenses, nascidos ou aqui vividos, desde o SEC XIV até aos dias de hoje.
Autor: Joaquim Barbosa