Não pretendo com estas linhas transmitir lições especiais, porque muito tem sido dito e escrito. Mas há um aspeto que me espicaça: a falta de programas televisivos de incentivo ao respeito pela natureza. Não temos nada que propague avisos de proteção da floresta.
A televisão apresenta repetidamente imagens violentas, acesas, das chamas infernais dos incêndios. É lume vivo escarrapachado nas pantalhas televisivas. Além disso, é a propaganda incessante da publicidade, sobretudo dos sorteios de alguns milhares de euros, a troco de telefonemas de valor acrescentado. São promessas e mais promessas, a toda a hora e instante, de prémios e mais prémios, que, no fim, resultam numa grande desilusão.
Por que não apresentarem um programa honesto, sereno, humano, convincente, do trato com a terra que nos rodeia, com o seu arvoredo, o oxigénio puro dos ramos verdejantes das nossas árvores? O apelo ao cuidado reiterado dos usos do fogo em geral e do de artifício em particular?
Recordo um programa televisivo dinamizado pelo falecido Nicolau Breyner há cerca duns 15 a 20 anos. Era um programa incisivo e salutar que prevenia contra os fogos e incêndios e que deixava nas consciências a chama da paz e da saúde.
Não há hoje uma inteligência capaz e um coração amigo e bondoso para despertar um programa simples de respeito pela natureza que nos rodeia.
Somos um País do Sul da Europa e de clima mediterrânico, apto à destruição fácil pelos incêndios. E devemos estar prevenidos contra a propensão para o desastre do fogo.
A responsabilidade primeira é de quem nos governa, mas todos somos chamados a colaborar para os apagar e sobretudo para os prevenir.
Temos um verão muito seco, propenso para o aparecimento do fogo. Mais do que nunca, é necessário prevenir e preparar em ordem ao futuro.
Precisamos duma justiça mais forte contra os prevaricadores.
Deus nos ajude.
Autor: Manuel Fonseca