Não é necessário esclarecer os ilustres políticos de que todas as suas convictas determinações sociais (ou partidarismos), devem ter, como congruência do seu objetivo, a ajustada e progressiva conduta existencial de todo o ser humano, através das radicais determinações imperativas do nosso ôntico e natural ser.
Remover do nosso ôntico e natural ser todas as suas determinações sociais, corresponde ao apunhalamento da sua transcendentalidade ou seja da não abertura da nossa vida existencial para Deus, o Transcendente, juntamente com a ausência da superação sobre toda a instabilidade relativa e subjetivada da nossa vida existencial. Numa palavra, o ilustre e convicto político fecha, categórica e apaixonadamente, toda a sua vida existencial, integrada na vivência gozosa dos seus pensamentos, dos seus sentimentos, emoções, motivações individualizadas e subjetivas. O ilustre político reduz, assim, toda a conduta da vida existencial a um objeto, capaz de satisfazer, apaixonadamente, todas as suas intrínsecas estruturas (motivações, interesses, desejos, aspirações, determinações). Numa breve palavra, toda a autonomia, liberdade e responsabilidade, a vida e o apanágio da nossa ôntica natureza está, indevidamente, deslocada para a energia da vida existencial. Toda esta indevida deslocação passa a ser a razão do devir da incongruência (isto é, da união, da unidade e da conexão entre o ôntico ser da nossa natureza humana e a nossa agradável, mas instável, vida existencial).
Concretamente falando e sem papas na língua, os partidos procuram compreender o fluir dos problemas e, unirem-se entre si, na gulosa ânsia de evitarem as catástrofes humanas no Mundo, já espelhadas na braseira flamejante dos conflitos ou atenuarem (evitar já não é possível) o sofrimento do povo sírio. Esta união entre si tem de ser superada na congruência, isto é, na união, na unidade, na conexão e na unicidade do ôntico ser da nossa natureza.
Contudo, a acompanhar esta ânsia, os partidos, entre si, vão cultivando e impondo o seu próprio poder, domínio e prestígio. O poder político, integrado no cultivo das suas apaixonadas motivações, esqueceu-se de que o seu ôntico e natural ser incumbe, radical e categoricamente, a pessoa, sua mensageira, de cultivar as suas fundamentais virtudes de transcendentalidade, de unicidade e de relacionamentos da pessoa consigo mesma, com o outro, com o mundo e com Deus.
Se os partidos políticos tiverem em conta que, mais do que cultivar as suas apaixonantes motivações, urge pensar no ôntico e natural ser humano, pode vir a ser gerada a eterna e divinal democracia.
Autor: Benjamim Araújo
A Política e as suas determinações sociais
DM
2 maio 2018