Em 1976, as Edições “Gallimard”, na colecção “L’Air du Temps”, publicaram um livro cujo título é o que dei a este meu artigo. Notável. E de leitura muito acessível. É um interessantíssimo diálogo entre um historiador, professor da Sorbonne de história moderna e Jacques Suffert, jornalista de grande jornal de nomeado à época. O livro em questão foi um “best seller”.
Li o livro e voltei a relê-lo variadíssimas vezes, usando a sua leitura para muitas das minhas intervenções sociais que fui fazendo ao longo da minha vida de “interventor social”.
«Nada anuncia as pestes. Na véspera, a cidade parece feliz: os homens e as mulheres vão para o seu trabalho, para as suas diversões, como sempre o fizeram, parece, desde toda a eternidade. No dia seguinte a catástrofe está lá: o impensável e o trágico tornaram-se vulgares. Os homens e as mulheres abandonam as suas esperanças e os seus sonhos. Para quê imaginar uma Primavera, um amor, outros costumes, uma verdadeira justiça, se amanhã não terão lugar?» (primeiro parágrafo da Introdução – página 7). A peste que nos invade, a nós portugueses, tomou conta de Portugal a partir de 1980, ano em que deixou de haver substituição de gerações. A peste, no nosso caso, foi anunciada: agora estamos em pleno, num pico, não por causa do SARSCOV-2, o “nosso” Covid-19, mas da famigerada “Peste branca” que dizima a população e não deixa cadáveres como a “Peste negra” da Idade Média. Nesta, os cadáveres viam-se e notava-se, assustadoramente, que a peste matava “a torto e a eito”, ricos e pobres, crentes ou não. A população da Europa quase entrava em colapso. Agora, a “Peste branca”, dizima a população, fazendo-a diminuir dramaticamente e os nossos governantes ainda tudo fazem para aumentar os efeitos letais desta pandemia: não nascem bebés e cada ano que passa, nascem menos. A comunicação social (8.I.22) anunciava que em 2021 tinham nascido menos… 80 000 (oitenta mil) crianças em Portugal, segundo a demógrafa, professora universitária e investigadora, Maria João Valente Rosa. 80 000 crianças é o equivalente a uma cidade quase da dimensão de Braga! Peço ao leitor que transforme este número de não nascidos em turmas de qualquer grau de ensino ou em futuros adultos que não pagarão impostos ou… e tire as devidas ilações.
Os nossos políticos assobiam para o lado enquanto promovem todas as medidas que “tolhem” a natalidade. E repare-se que esta não aumenta por mais dinheiro “injectado” nas famílias (falo da Família que tem em si a capacidade reprodutiva e não de outros modelos estéreis por natureza e que não devem ser consideradas como tal!). Não, caros políticos. Não. Olhem de frente a realidade e deixem de só falar em dinheiro como a única medida, ainda que muito importante, forma de incentivar a natalidade. Escrevi já várias vezes, pelo menos desde 1994, Ano Internacional da Família, que “ninguém faz filhos por decreto ainda que haja decretos que ajudem”).
Um dos problemas maiores do impropriamente chamado Inverno Demográfico é que dá a ideia que será um período efémero a que irá suceder uma Primavera radiosa e radiante, esquecendo que a anti-natalidade instalou-se na mentalidade e cultura contemporâneas com o apoio dos políticos que nos têm governado e em quem os portugueses têm votado.
Veja o leitor se foi abordada a questão da demografia, ou melhor, da natalidade, de forma global durante esta campanha eleitoral para o Parlamento. Se os políticos “arriscaram” falar a favor de políticas pró-família e, consequentemente, pró-natalistas? Quantos políticos abordaram este tema politicamente tão pouco correcto?
Aborto livre e a pedido. Pílula do “dia seguinte” (um abortivo de venda livre). Promoção da mentalidade contraceptiva desde as crianças até aos mais velhos opondo-a a uma paternidade e maternidade responsáveis. Promoção do hedonismo sexual. Difusão da chamada “Teoria do Género” que procura apagar a sexualidade biológica como se esta fosse um mal.
…E os portugueses resignam-se. Não protestam. Aprovam com um estúpido “agora é assim”. Sim, agora é assim e vai-nos custar muito caro. Sim, agora é assim, e os velhos que, por enquanto ainda os deixam votar, que se acautelem.
Não devemos nem podemos temer o pensamento “ WOKE” e deixar cancelar o nosso pensamento e a sua expressão por todos os meios ao nosso alcance. Temos consentido em muitos dislates por parte daqueles que têm palco em todo o sítio e, mais ou menos, declaradamente querem destruir a nossa cultura e modo de viver numa e com uma família de pai, mãe, filhos, avós e netos (também com tios e primos). Aceitamos, encolhendo os ombros, quando os encolhemos, face a esta “PESTE BRANCA” que está a levar ao suicídio este Ocidente.
Autor: Carlos Aguiar Gomes