A arte de bem governar invoca constantemente um respeito íntegro pelos direitos à justiça social, à solidariedade, à paz, a um ambiente saudável e a uma vida sem qualquer tipo de perseguição ou de segregação. A ação política nunca pode perder de vista a promoção intransigente do bem comum. Se os gestores pelos destinos dos países e das instituições apreciassem estas normas e diretrizes integrantes da essência da política, não existiriam situações de exploração dos trabalhadores ou dos mais frágeis ou ainda dos marginalizados, nem qualquer outro tipo de injustiça social.
A verdadeira política inclui, por inerência, a justiça, a honestidade, a harmonia, a fraternidade e o respeito pelos outros. Além disso, a política tem também por função o combate à fraude, ao compadrio, aos abusos de confiança, às desavenças e a qualquer tipo de conflitos.
Neste período de campanha eleitoral, não faltam os slogans de propaganda, recheados por toda a espécie de belas promessas. Só que não se passa daí. Decorrido que seja o dia em que os votos caiam nas urnas, tudo volta ao mesmo estado de coisas como era antes. Os compromissos desaparecem, os vícios e os erros governativos regressam, retomando-se a rotina habitual.
Apenas se perderam uns dias de trabalho (e não são poucos!) e se gastaram mais uns milhões de euros do erário público. A ética governativa volta para o arquivo de “perdidos e achados” ou cai no baú das recordações. A aplicação da pedagogia relacional, que defende as causas da verdadeira política passa a pertencer ao património de um passado ancestral. É indispensável defender uma total coerência entre as promessas e as necessidades da vida real das pessoas.
Esta é a essência da verdadeira política. Esperemos que os novos autarcas (mesmo os que forem reeleitos) deem uma volta nos vícios já entranhados no poder, pensem mais no povo e procurem aumentar o número dos bons governantes (porque os há). Assim, o país beneficiará e o futuro será mais risonho, a corrupção irá diminuindo e a justiça social ganhará mais ramos vivos e duradoiros.
A pedagogia de uma comunicação séria entre governantes e governados, entre as pessoas e entre as culturas ganhará um terreno mais fértil e, então, a igualdade de oportunidades entre todos frutificará, descodificando-se cada vez mais as diferenças pessoais, culturais, étnicas e religiosas. A mobilização destes conceitos éticos de política e de cultura emergirão como indispensáveis e contribuirão para tornar mais compreensível toda a diferença de ideias e de raças. Os homens têm todos a mesma constituição biológica. O conceito de homem vale para qualquer ser humano e, por isso, deve ser respeitado por todos nós.
Cada pessoa é única, mas as caraterísticas naturais, na sua essência constitutiva, são comuns a todas as outras. A aceção de pessoas e, com mais razão, a xenofobia e o racismo geram-se na dupla recusa de compreender e de aceitar as diferenças pessoais e culturais dos outros. É aqui que reside a base de todos os litígios e desavenças entre as pessoas e os povos, próximos ou mais distantes, mesmo de carácter religioso.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes